O anúncio do encerramento por tempo indeterminado das atividades do Gran Cine Bardot, em Búzios, deixou a cena cultural do município agitada na última semana. O local, que carrega consigo parte da história da cidade e em atividade há 29 anos, enfrenta, segundo os administradores, uma crise técnica e financeira que impossibilitou a continuidade das atividades. Diante do cenário, um manifesto foi criado na internet com o intuito de defender a permanência do cinema. O documento já conta com 1.693 assinaturas na manhã desta segunda-feira (28).
ACESSE AQUI O MANIFESTO NA ÍNTEGRA
SOBRE O ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES
O Gran Cine Bardot, em Búzios, anunciou o encerramento de suas atividades por tempo indeterminado na terça-feira (22). O comunicado foi feito por meio de uma nota oficial divulgada pelo próprio cinema.
Na nota, a administração do Gran Cine Bardot explicou que a decisão de encerrar as atividades foi motivada por problemas técnicos e financeiros, que surgiram de circunstâncias alheias à sua vontade. A declaração ressaltou o compromisso em resolver essas questões para que o cinema possa voltar a operar e proporcionar sessões memoráveis para a comunidade e os visitantes.
“Por motivos alheios à nossa vontade, que resultaram em problemas técnicos e financeiros, o nosso cinema está encerrando as atividades por tempo indeterminado”, declarou o comunicado. A administração assegurou que estão sendo tomadas todas as providências cabíveis para resolver essas adversidades e que estão empenhados em retornar com as sessões de cinema o mais breve possível.
UMA VERBA EM DISPUTA
Um assunto recorrente em Búzios quando se trata do Cine Bardot e a manutenção das atividades é em relação a uma verba que teria sido destinada ao local, por meio do deputado Marcelo Calero em 2021. Os administradores alegam que foi por intermédio deles e de muitas conversas com o parlamentar que a verba foi destinada e chegou ao município, com o intuito de subsidiar um projeto cultural. Mas que o valor de R$599.260,00, recebido pelo governo municipal não teria sido empregado conforme as trativas com Calero.
A Prensa procurou a assessoria de comunicação da Prefeiura que infromou por meio de nota que a verba foi encaminhada ao município sem destinação específica e que ainda que fosse destinada ao cinema, não poderia ser repassada, já que o Cine Bardot é uma empresa privada.
Segue a nota:
“É importante destacar que essa emenda foi categorizada como uma modalidade de transferência especial, a qual não possui um objeto definido e não foi especificamente designada para o cinema. Seu propósito principal é atender às demandas do município como um todo. Adicionalmente, é crucial ressaltar que o Gran Cine Bardot é uma empresa particular. De acordo com as diretrizes e regulamentos vigentes, a Prefeitura não tem a capacidade de alocar recursos em cinemas privados, uma vez que eles não se enquadram como instituições ou organizações sem fins lucrativos.
A impossibilidade de repassar verbas para cinemas particulares baseia-se na sua natureza empresarial e nas normativas legais que regem a destinação de recursos públicos. No entanto, estamos abertos e à disposição para discutir alternativas viáveis que permitam promover a cultura de forma eficaz em nossa cidade, considerando as restrições legais existentes. Reiteramos nosso compromisso com o desenvolvimento cultural e estamos ansiosos para colaborar com projetos que beneficiem a comunidade e enriqueçam nossa vida cultural.”
UM EQUIPAMENTO DE UTILIDADE PÚBLICA
A lei número 1.808 de autoria do vererador Gugu de Nair (UNIÃO), sancionada pelo prefeito Alexandre Martins e publicada no Boletim Oficial número 165, pode acabar com as dificuldades do Cine Bardot, uma vez que este foi declarado como utilidade pública. Segundo o texto da lei, o Cine – Clube de Búzios, conhecido popularmente como Gran Cine Bardot, fica declarado como de utilitade pública e tem por finalidade:
I – a prática, o estímulo e o desenvolvimento do audiovisual e da cultura cinematográfica e das artes cênicas;
II – promover a elaboração e a execução de projetos culturais, orientados para a promoção e prática da cultura,
III – contribuir na divulgação da cultura cinematográfica em suas diferentes modalidades difundindo-a dentro do Município de Armação dos Búzios, Estado do Rio de Janeiro e fora dele;
IV – oferecer, em caráter transitório ou permanente, a prática de visitação ao mundo cinematográfico e cultural como formas de aprendizado e inserção social;
V – promover educação cultural.
Basta saber agora como o Cine Bardot e a Prefeitura de Búzios trabalharão para manter o cinema de Búzios vivo.
SOBRE O CINE BARDOT
Único cinema da cidade, de grande relevância cultural, o Cine Clube de Búzios existe desde 1994. Além da exibição de filmes e da realização do Festival de Cinema, o Cine Bardot é um espaço de debates, palestras e outras manifestações. O acervo possui mais de seis mil títulos, de variados períodos da história do cinema. A glamourosa sala tem capacidade para 111 pessoas e som considerado de primeira qualidade.