Manifestantes que foram às ruas de Cabo Frio contra o corte de verbas do governo federal na Educação estão se mobilizando para uma nova onda de protestos no dia 14 de junho. Na última quinta-feira (30) eles se reuniram na Praça Porto Rocha, no centro, com discursos pela educação e contra a proposta de reforma da Previdência Social que tramita no Congresso.
A comunidade escolar teme o anúncio do Ministério da Educação de contingenciamento de 30% das verbas de universidades, institutos e escolas federais em todo o Brasil. O diretor do Instituto Federal Fluminense (IFF) de Cabo Frio, Victor Saraiva, disse durante um debate sobre a Reforma da Previdência realizado no último dia 21, que se o corte for mantido a instituição só tem verba para funcionar até outubro. Estudantes relatam insegurança com a situação.
“Não importa se é corte ou contingenciamento, o importante é que o dinheiro não cai na conta. As manifestações mostraram que a educação brasileira está contra o corte. A gente quer estudar, quer estar em sala de aula. Ninguém pretende recuar”, avisa o estudante Edmilson Luis Filho, estudante de hotelaria no IFF Cabo Frio.
A instituição de aproximadamente 1,5 mil alunos tem, segundo a direção, cerca de 50 projetos de pesquisa em andamento nas áreas de biologia, engenharia e ciências humanas. Victor Saraiva aponta que as bolsas de pesquisa já estão sofrendo impactos desde o anúncio dos cortes, e que contas básicas como água, luz, manutenção e limpeza deixariam de ser quitadas em até quatro meses.
Edmilson lembra que a falta de dinheiro para o pagamento de contas vai afetar o IFF não apenas internamente, mas também toda a gama de prestadores de serviços.
“Os primeiros a serem atingidos quando o dinheiro acabar serão os funcionários terceirizados, que são pagos com essa verba, além das contas de águas de luz. O IFF proporciona para cada aluno uma cota mensal de 50 folhas de xerox, e diariamente tem um lanche que é muito bom e ajuda bastante. Tudo isso também vai ser impossível de ser mantido”, enumera ele.
O IFF Cabo Frio tem cursos superiores de licenciatura em biologia, química e física, bacharelado em engenharia mecânica e tecnologia em hotelaria e gastronomia.
O objetivo dos manifestantes é engrossar a pauta de reivindicações na manifestação do dia 14 de junho. O movimento vem ganhando contornos de greve geral com a adesão de entidades de classe e com a aquisição da pauta contrária à reforma da Previdência Social. O ato unificado entre entidades estudantis e centrais sindicais busca fomentar uma paralisação geral, colocando o governo Bolsonaro na parede.
– É uma falácia dizer que os cortes na educação são apenas nas universidades. O corte é em toda a rede, básica, técnica e superior. Um desdobramento péssimo para o país porque coloca em risco toda a pesquisa científica nacional. Esse movimento se transformou em uma frente ampla em defesa da educação, que agora é, também, em defesa da aposentadoria, ou seja, contra essa reforma da Previdência do Paulo Guedes, esse retrocesso. No dia 14 de junho é greve nacional e vamos dar o nosso recado – afirmou a ativista Carol Werkhaizer, assessora parlamentar do deputado Marcelo Freixo (PSOL), que participa da organização dos atos em Cabo Frio.