Socorro econômico para empresários ainda não foi proposto pelo governo
O município de Macaé foi um dos mais atingidos pela crise econômica da pandemia do novo Coronavírus. Essa informação é com base nos dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza uma perda de 5.853 postos de trabalho fechados, somente no mês de abril. A cidade foi a que mais perdeu empregos de carteira assinada (CLT) nesse período comparada com os municípios que fazem parte da área de cobertura da Prensa, com saldo negativo de -5,5.
Túlio Vinicius é uma das pessoas que entrou para essa estatística. Ele atuava como recepcionista há 11 meses numa clínica da cidade. Junto com ele foram demitidos mais seis pessoas.
“A justificativa da empresa foi que devido à essa pandemia que está acontecendo era preciso fazer cortes, infelizmente. E futuramente quando tudo voltar a funcionar, com liberação de flexibilização da prefeitura e reabertura da clínica no horário normal, iria me efetiva novamente”, contou Tulio.
A realidade poderia ser diferente se o munícipio disponibilizasse um pacote de medidas econômicas para ajudar os empresários para manutenção dos empregos desde o início do decreto de isolamento social, medida restritiva de combate ao coronavírus. Embora a prefeito Dr. Aluízio Junior tenha sancionado o Auxílio Emergencial Pecuniário, no dia 16 de abril, para trabalhadores formais e informais no valor de R$ 800, o empresário precisa, ainda assim, arcar com os compromissos de pagamento dos salários mensais. É justamente essa ajuda financeira que ainda não foi proposta pelo governo.
Sem apoio financeiro, o empresário Daniel Teixeira está preocupado. As duas empresas que comanda, uma na área da construção civil e outra posto de combustível, estão no vermelho desde março. De acordo com ele, já foram dispensadas 60 pessoas: 50 da construção civil e 10 entre o posto, loja de conveniência e restaurante. O contrato de mais 12 funcionários da parte do restaurante, cozinha e pizzaria venceu dia 1 de junho, e a empresa que aguarda o próximo decreto para ver qual direcionamento será dado, pois se o comércio do ramo de restaurante se mantiver fechado, essas pessoas terão que ser dispensadas.
“O posto de combustível e a loja de conveniência seguem abertas por se tratar de serviços essenciais, porém tivemos uma redução de 50% no movimento. A gente tem uma estrutura grande desenhada e vendendo a metade da capacidade. Eu entendo que tem que ser tratada a questão da Covid-19, porém tem ver a questão social do desemprego, das empresas, do comércio, offshore e onshote. E ainda tem que pagar fornecedor em dia, funcionário”, relatou Daniel informando que também não conseguiu os benefícios para empresários liberado pelo governo federal
No acumulado do ano, de 01 de Janeiro a 31 de abril, Macaé tinha 105.576 postos e perdeu 6.159, com variação de 5,8.
Importância da rede de proteção social
Por outro lado, a cidade de Maricá obteve números importantes para a proteção dos empregos formais e informais. A cidade teve uma perda somente de 1% de janeiro a abril. Em uma análise comparativa, outros municípios limítrofes a Maricá tiveram desempenho muito diferentes: segundo o CAGED, Niterói teve queda de 3,6% e São Gonçalo 3,7%.
A explicação disso é a rede de proteção social preparada pelo município que começou com a criação da moeda social denominada mumbuca. Além disso, logo depois de instaurado o isolamento social no município, a prefeitura antecipou o abono natalino do programa social que paga 130 mumbucas mensais. A seguir, esse valor foi aumentado para 300 mumbucas.
De acordo com o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e idealizador do programas, Igor Sardinha, essas ações garantiram que esse recurso financeiro permanecesse no município e injetasse mais de 42 mil reais na primeira semana de isolamento.
“Como a moeda social só pode ser gasta localmente, em um dos mais de 3 mil comerciantes locais cadastrados, conseguimos que esse dinheiro permanecesse no município. Isso proporcionou que a economia girasse e o comércio não perdesse capital”, explicou o ex-secretário.
Outras ações que permitiram que Maricá freasse a queda do número de empregos foi a criação do Programa de Apoio ao Trabalhador (PAT) para para auxiliar o trabalhador autônomo, microempreendedor e profissional liberal que está sendo impedido de trabalhar por conta da quarentena. O Fomenta Maricá também abriu uma linha de crédito com juros 0 para manter o comércio e indústria funcionando.
“ A economia é um algo cíclico, então se protegemos o trabalhador, o pequeno empresário e o microempreendedor, fazemos a economia circular com conta do consumo. Assim também protegemos a indústria e o comércio, permitindo que todos se protejam durante essa pandemia”, finalizou Igor Sardinha.
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