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No dia da Consciência Negra cinco jovens mulheres comentam sobre os desafios de ser preta em uma das principais cidades do interior do Rio de janeiro.

Carine Passos

Macaé, historicamente, deixa a desejar na apoio e nas políticas que estruturam a vida cotidiana da juventude. Não há espaços governamentais para discussão das políticas de juventude, os espaços de controle social também são inexistentes – como é o caso do Conselho de Juventude aprovado no legislativo e não executado pelo executivo.
No que tangencia às políticas públicas não há direcionamento para a juventude macaense e em especial a juventude negra que está mais vulnerável na sociedade.
Nesse contexto, nossa resistência e organização é fundamental pra disputas das bases e dos movimentos que fazem a diferença na vida cotidiana da juventude macaense.

Sarah dos Anjos

Falo como jovem negra e empreendedora. Como jovem, negra e empreendedora no ramo da moda, esse lugar sempre foi um “não-lugar”. Por diversos motivos que perpassam o racismo, as oportunidades não existem. Para empreender é necessário capital e também conhecimento, nesses campos sinto falta de uma incubadora para novos empreendedores, parcerias entre prefeitura e empresas privadas para dar suporte e orientação. Vínculo com bancos para facilitar empréstimos e capitação de recursos para assim começar um empreendimento. Na moda, como um veículo também de cultura, comportamento, temos um abismo imenso. Se hoje empreendemos foi na base da necessidade e do “jeitinho”, o que leva muitos à falência. Por isso, políticas públicas seriam primordiais para o empoderamento financeiro do jovem negro e aquecimento da economia da cidade, nesse cenário perfeito todo mundo ganharia.

Laís Monteiro


Ser mulher negra interiorana é resistir em dobro e se reinventar a cada dia. A falta de apoio do estado e a desvalorização dos nossos saberes, projetos, iniciativas, assombrados por uma cultura que só valoriza o estrageiro, o que vem de fora, muitas vezes nos faz ter mais aceitação e visibilidade pessoal, profissional e subjetiva fora de nossa região.
Ainda vivemos um silenciamento de diversos tipos e setores, da juventude negra regional. Nossas potências são abafadas pelo descaso público, pela falta de olhar e sensibilidade. Nossos corpos, que são políticos e em constante luta, enfrenta o constante racismo estrutural fortemente presente por aqui, onde também vai de encontro a uma cultura do coronelismo, ainda está muito presente e consolidada, que juntos impedem a nós, jovens, pretos e a população negra como um todo, a acessar os espaços de poder, que é tão importante para emancipação do nosso povo. Mas, como herdeiros históricos do nosso ancestral, herói e revolucionário Carucango, que fundou em nossa região um dos maiores quilombos do Brasil, seguiremos resistindo, em buscas de dias melhores, na certeza que de que somos parte de algo

Laís Reys

Ser jovem.. mulher e negra.. é uma luta diaria.. temos que nos destacar muito pra conseguir um espaço.. em Macaé nao é diferente…exemplo agora: depois de tanto tempo foi eleita uma mulher negra pra vereadora..e estou muito feliz por ela ter conseguido e poder nos representar. – Larissa Reys – Estudante.

Emyli D’Oxum

Ser uma mulher negra, combativa, no interior do Estado do Rio de Janeiro é muito mais difícil do que na capital.
Macaé por exemplo, é uma cidade que não dá o mínimo de suporte estrutural para mulheres como eu. Acredito que por nossas pautas como prioridade, tem sido essencial para jovens que vem depois de mim. Estamos construindo impérios de auto amor e quebrando paredes construídas para impedir o ecoar de nossas vozes.
Quando entrei na disputa eleitoral este ano, sabia que não era só por mim, foi muito mais pela necessidade de ter estruturas consolidadas para por os projetos da juventude pra frente na cidade, do que pela figura representativa que seria eu, como uma vereadora.
Acredito muito que novo está vindo, e ele na verdade já é muito real. Política é mais que partido e o processo eleitoral, é estar sobrevivendo a 22 anos dentro do descaso do poder público. Mas nós, somos lindos e livres no que fazemos, executamos muito mais que projetos, somos esperança!

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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