Ao início da campanha eleitoral, o Jornal Nacional, da TV Globo, iniciou as entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Os debates acontecerão a partir das 20h30, com 40 minutos para cada candidato e dentro deste tempo será mencionado temas importantes para o país. Nesta segunda-feira (22), Jair Bolsonaro foi o primeiro a participar da entrevista. A sequência será na terça (23) com Ciro Gomes do PDT; quinta (25) com Lula do PT; e Simone Tebet do MDB na sexta (26).
A primeira entrevista foi verificada pela Agência Lupa, e destacou algumas fake news propagadas pelo candidato a reeleição. Durante a entrevista, o jornalista William Bonner questiona o presidente sobre os ataques feitos aos ministros do STF. Bolsonaro acusa o jornalista de fake news.
O presidente Jair Bolsonaro atacou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) publicamente mais de uma vez. Embora tenha negado durante a entrevista, e dito que xingou apenas um ministro, no caso Alexandre de Moraes. Porém, no ato de 7 de setembro de 2021, na Avenida Paulista, Jair chamou Moraes de “canalha” em frente aos apoiadores. Durante o discurso ele também falou que ou o ministro “se adequava” ou deveria pedir para sair. Em julho de 2021, o presidente xingou o ministro de “otário”.
Apesar do que Jair informou, não foi apenas um ministro desacatado, em agosto de 2021 ele chamou Barroso de “filho da puta” e em julho deste ano chamou ele também de “imbecil” e “idiota”.
Outra questão foi sobre fraude nas eleições de 2018. De acordo com Jair, a Rosa Weber determinou que fosse aberto um inquérito pela Polícia Federal para apurar essa fraude. Essa informação é falsa, houve sim uma acusação protocolada pelo advogado Ricardo Freire Vasconcellos no Tribunal Superior Eleitoral alegando uma “fraude matemática” nas urnas. Porém, o requerimento foi analisado pela secretaria de Tecnologia da Informação do TSE e arquivado por falta de provas, sem abertura de inquérito.
Em relação as vacinas, sobre em janeiro o Brasil já estar vacinando é verdadeira, porém antes do Brasil já havia cerca de 47 países com a imunização iniciada contra a doença. A Agência Lupa pontua que a primeira vacina contra o SARS-CoV-2 no país foi a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. A fórmula foi crítica pelo Presidente em no mínimo 10 ocasiões antes de começar a ser aplicada na população. Uma das ocasiões ele diz que o brasileiro não seria “cobaia de ninguém”.
Ainda sobre a vacina, a campanha da imunização começou em ritmo lento. Até 18 de abril de 2021, apenas 4,5% dos brasileiros já tinham recebido a segunda dose das vacinas até então disponíveis.
Jair fala sobre a OMS ter concordado com ele sobre o retorno ao trabalho essencial. Ele distorceu uma declaração feita pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma entrevista coletiva de 30 de março de 2020. O direto ponderou que, em alguns países, as pessoas mais pobres têm que trabalhar “todo santo dia para conseguir o seu pão”. Porém, não defendeu que todos os trabalhos fossem considerados essenciais naquele momento. Ele ainda afirmou que apenas para essas pessoas deveriam “levadas em conta” na hora de os países decidirem sobre políticas públicas para mitigas os impactos da doença.
Sobre a pretensão de diminuir os impostos de 4 mil produtos em 35% de IPI a informação é verdadeira. Em 29 de julho, o presidente editou o decreto n° 11.158/2022 para ampliar o corte nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 25%, já anunciado em fevereiro de 2022, para 35%. A medida, foi suspensa pelo ministro Alexandre Moraes, do STF, em 8 de agosto. O magistrado determinou que a redução não valesse para itens que também são produzidos pelas indústrias da Zona Franca de Manaus.
O ministro argumenta que o decreto poderia impactar na competitividade e no modelo de desenvolvimento regional mantido pela Constituição Federal, “que assegura o tratamento diferenciado da região como compensação pelos maiores custos decorrentes dos desafios enfrentados pela indústria local”. A Zona Franca de Manaus tem, por lei, isenção do IPI sobre os produtos que são produzidos na região para estimular a economia regional. Ainda em maio deste ano, Moraes havia suspendido os efeitos de outros decretos presidenciais que reduziram as alíquotas de IPI sem medidas compensatórias para os produtos do polo amazonense. Apesar das decisões do ministro, o governo federal planeja a edição de um novo decreto para reduzir o IPI.
A veracidade dessas informações foram investigadas pela Agência Lupa.