Há menos de 4 meses das eleições que definirão os próximos presidentes, governadores, deputados estaduais e federais, e parte dos senadores, o país vive uma insegurança política nuca vista antes em sua breve história democrática.
E se em Brasília, as coisas andam de mal e pior, no Estado do Rio de Janeiro, o povo vive com o mote de “pior não pode ficar”, tantas são as condenações – ou implicações em escândalos de corrupção – envolvendo ex-governadores do estado, como Sergio Cabral (MDB), Anthony Garotinho (PRP) e Rosinha Garotinho (sem partido).
Enquanto Cabral segue preso desde o fim de 2016, o casal Garotinho tenta ir firme para a disputa da chefia do Palácio Guanabara, ajudado por Habeas Corpus (HC) concedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
O cenário, aliado à prática dos partidos políticos nacionais de tentar apagar de suas siglas a palavra “partido”, como aconteceu com MDB (ex-PMDB), PODE (ex-PTN), PATRI (ex-PEN), DC (ex-PSDC) e AVANTE (ex-PTdoB), e já haviam feito REDE, SD e NOVO, abre caminho, por outro lado, para políticas direcionadas às questões sociais e de direitos humanos, até então, exclusividade de uma esquerda brasileira que precisava para sobreviver dialogar com o poder, como a política brasileira parece demonstrar recentemente.
Conforme o país se afunda em uma crise política cada vez mais grave, assim como o Estado do Rio de Janeiro, um dos estados mais atingidos por escândalos de corrupção, o interior surge como um farol direcionado para as, cada vez, mais graves questões sociais de uma sociedade que, pelos recursos que recebe, deveria ser rica, mas que, pelas faltas de políticas sociais, ver se agravar a desigualdade.
Entre esses “faróis” estão dois jovens políticos “progressistas” na região, que começam a ganhar destaque no cenário estadual, respectivamente, o candidato a prefeito de Cabo Frio, Rafael Peçanha (PDT) e o vereador Marcel Silvano (PT), que é pré-candidato a deputado estadual.
Apesar do termo progressista ainda não ser, de fato, uma unanimidade no meio político, o significado de ser “favorável ao progresso, às transformações ou às reformas, nos campos político, social e econômico”, marcam Rafael Peçanha e Marcel Silvano como importantes representantes de uma política inclusiva, até mesmo depois da execução da vereadora carioca, Marielle Franco (PSOL), que defendia políticas públicas voltadas para mulheres, negros e LGBTs, entre outras camadas abandonadas da sociedade.
Peçanha – Com 34 anos, pais de 2 filhos, e casado com a professora de história especialista em história da educação, Lívia Mendes, o professor Rafael Peçanha é especialista em Sociologia Urbana pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), além de mestre e doutor em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e servidor público municipal concursado em Cabo Frio e Macaé.
Como professor atuou ativamente nas lutas da classe, chegando a participar da ocupação da prefeitura de Cabo Frio junto aos colegas de profissão e outros ativistas.
Eleito 7º vereador mais votado da cidade em 2016, com 1.794 votos, Rafael Peçanha tem o maior número de presenças nas sessões e é o parlamentar que mais apresentou propostas no atual mandato, além de ser o denunciante do escândalo dos contratos emergenciais no atual governo, que causaram a Operação Basura, da Polícia Federal, na Companhia de Serviços de Cabo Frio (Comsercaf), em dezembro do ano passado.
Como parlamentar, tenta promover uma auditoria nas contas públicas da prefeitura e tem como prioridade o pagamento salarial dos servidores, além da reestruturação da Guarda Marítima, e a transparência da folha salarial do governo no Portal da Transparência e a transmissão pública, ao vivo, das licitações municipais. Foi por ele que o PDT de Cabo Frio conseguiu o apoio do PT, PSB, e outras siglas mais à esquerda para dar musculatura a sua candidatura e assim evitar que o partido, que no Rio vem há anos em uma onda fisiológica gravitando em torno do MDB, desse uma guinada ao vir com candidatura própria e não apoiando Adriano da REDE Sustentabilidade.
Marcel Silvano – Macaense, jornalista e vereador em seu 2º mandato, Marcel é um dos poucos parlamentares de expressão na região a terem se mantido dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) depois dos escândalos de corrupção e perseguições políticas sofridas pelos petistas nacionalmente.
Vindo de movimento progressista dentro da Igreja Católica, Marcel é um dos poucos parlamentares macaenses a defender a cultura, a educação o combate a desigualdade social como políticas públicas de segurança, conforme inúmeras recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU).
O vereador e pré-candidato a deputado estadual por Macaé é um dos símbolos de resistência na cidade quando o assunto é política pública voltada para a juventude, principalmente a juventude negra e de menor poder econômico, que vem sendo vitimada em todo o país pelas armas que ele combate.
Além do combate à desigualdade social, Marcel tem ainda como bandeira a transparência do Poder Público, sendo um dos principais defensores da transmissão da sessão da Câmara de Macaé através da internet.
Entre as principais pautas defendidas pelo vereador petista, estão a luta pela melhoria do transporte público municipal, com inúmeros questionamentos e pedidos de CPI, além da defesa de uma política econômica voltada para tentar tornar a cidade e a região menos dependentes da indústria do petróleo.
Por Tunan Texeira