A pedido do vereador Marcel Silvano, o Grande Expediente da Sessão Ordinária na Câmara de Macaé, nesta terça-feira (26) foi cedido para as lideranças do Acampamento Edson Nogueira, na região serrana, para que apresentassem o projeto para a implantação de uma escola voltada para a agroecologia, a ser construída em uma área desapropriada pela prefeitura, onde funcionaria um abatedouro.
Três representantes fizeram uma explanação sobre o projeto, que tem apoio de universidades públicas, como UFF e UFRJ, que estão dialogando com o Governo a respeito do assunto. Na ocasião, solicitaram apoio dos vereadores, ressaltando a importância da inciativa para o enfrentamento à crise econômica no município.
Nelson de Freitas, um dos coordenadores do assentamento no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no distrito de Córrego do Ouro, ressaltou a importância da escola que visa defender o plantio sem uso de agrotóxicos.
“Trata-se de uma unidade pedagógica para o desenvolvimento da agroecologia, que visa implantação de um experimento voltado para a atividade e capacitação de famílias desempregadas e em risco social na cidade, e produção de alimentos saudáveis, como os agroecológicos, beneficiando à saúde da população.
Ex-moradora da Nova Holanda e hoje acampada no Edson Nogueira, Rosa relatou suas dificuldades em meio à crise e violência, bem como o preconceito e repressão sofridos quando teve que recorreu a um acampamento em Cantagalo, Rio das Ostras. De volta a Macaé, diz-se sentir mais segura no acampamento da serra, apesar das condições precárias, e otimista com a iniciativa, por meio da implantação da escola.
“Recebemos a proposta de nos aliarmos ao MST para termos uma vida melhor e agora faço parte desse acampamento onde estamos vivendo com o menor possível, porém numa terra pública, de forma provisória, onde as 120 famílias não correm risco de morte como em Cantagalo. Por isso estamos aqui pedindo apoio aos vereadores, que nos deixe provisoriamente. Não queremos pegar terra de prefeitura, mas sim até o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) fazer a vistoria e indicar a área que devemos ir definitivamente”, disse Rosa.
Segundo Ramiro Marcos Dulcich Piccolo, professor do curso de Serviço Social da UFF Rio das Ostras, antes do Acampamento Edson Nogueira acontecer, já vinha dialogando com secretarias da Prefeitura sobre esse projeto. “A partir da experiência com o Osvaldo Oliveira, vimos que aqui havia um enorme potencial para isso e encontramos essa área de 80 hectares, ideal para montar uma experiência piloto de formação teórica e pratica em agroecologia, inclusive com criação de algum tipo de animal.
A infraestrutura escola, de acordo com ele, será feita por meio de bioconstrução com as próprias famílias e assessoria técnica da universidade e prefeitura, com recursos e parcerias. Ao todo são três cursos de capacitação: um com duração de dois meses, outros com quatro e seis meses, com uma equipe pedagógica formada por profissionais das universidades e de instituições de cooperações técnicas parceiras no projeto. A capacidade é de absorver uma media de 300 famílias por ano, as quais se hospedariam e trabalhariam no local no período de duração dos cursos.
O vereador Marcel Silvano, que sempre acompanhou o PDS Osvaldo Oliveira e agora o acampamento Edson Nogueira, apoia o projeto e vem trabalhando nessa articulação para sua implementação. “O Sem Terra não é inimigo, nem do povo e nem do meio ambiente, e essa proposta prova e consolida isso, colocar a comida saudável no nosso prato, respeitar o meio ambiente e dar oportunidade de trabalho a quem precisa”, concluiu Marcel.