A cidade de Cabo Frio foi criada em torno de salinas e atividades de pesca. Alguns imóveis, como o Galpão do Sal, desafiam o tempo e continuam de pé no município. O bairro da Passagem, um dos bairros mais antigos da Região dos Lagos, abriga um desses locais históricos. Segundo moradores, o dono do terreno onde fica o Galpão pretende vender o espaço. A notícia gerou polêmica na cidade.
Com isso, na noite dessa última quinta-feira (31), o Charitas Cabo Frio recebeu conselheiros e alguns populares para a reunião extraordinária do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (CMUPAC). Estiveram presentes 36 pessoas e na ocasião foram discutidos os argumentos sobre o tombamento e não tombamento do Galpão do Sal, localizado na Passagem, de frente para a Ilha do Japonês.
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No local estavam representantes da Secretaria de Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Coordenadoria de Planejamento (Cogepla), Secretaria de Desenvolvimento da Cidade (Sedesc), pessoas ligadas ao Poder Legislativo e o proprietário do imóvel. Eles debateram no início da reunião sobre a importância do tombamento não apenas do Galpão do Sal, mas também da casa que existe ao lado do terreno. A reunião, que se estendeu por duas horas.
No dia 11 de fevereiro, às 18h, no Charitas, será votado o tombamento ou não do imóvel. A reunião sempre é aberta ao público que queira acompanhar ou expressar suas opiniões ou dúvidas.
A discussão começou após o proprietário do terreno, querer vender o local. O que acarretaria, em sua demolição. “O local faz parte do terreno de uma casa. O atual proprietário pretende demolir o imóvel e, os seus representantes, alegam que as instalações, hoje em estado precário, não possuem qualquer relação com a economia salineira”, disse o professor de história Rogério Carvalho, que estava presente na reunião. Rogério ainda acha que o locas possa ser um museu. “Olha, na minha opinião, seria buscarmos incentivos e subsídios para que a Prefeitura adquira o imóvel e o transforme em um museu sob a tutela do Governo Federal”, opinou.
De acordo com representante do Iphan da cidade, Felipe Borel, é preciso saber avaliar o histórico do imóvel para que verificar a necessidade de tombamento. “A Defesa Civil condenou o local que está com risco de cair. O foco do Conselho agora é apenas esse: saber o real valor deste imóvel”, falou.
O Prensa tentou contato com o proprietário que não quis se pronunciar sobre o assunto. No encontro no Charitas, o arquiteto Emanuel Vieria foi no seu lugar e, em resposta ao jornal, disse ser “pesquisador da área. Já fui Diretor do escritório técnico do Iphan, entre 2006 e 2009 e chefe de divisão do Iphan-Rio entre 2009 e 2010. Diretor do inepac de 2015 e 2017. Esse é o meu lugar de fala”. Ainda de acordo com o Emanuel, há um pedido de demolição em processo, que tramita na Prefeitura (n° 2017/17298). “Não existe nenhum pedido de tombamento. Só existe pedido de demolição. Ao menos, no que consta do processo”, disse.