Um homem passou aproximadamente oito horas em um restaurante de Cabo Frio consumindo bebidas alcoólicas e pratos variados, nesta sexta-feira (29), e foi embora no camburão da Polícia Militar. Ele disse que não tinha como pagar a conta de R$ 321,50.
De acordo com a delegada adjunta da 126ª Delegacia de Polícia Andressa Mantel, o homem tem quase 20 passagens pelo crime previsto no artigo 176 do Código Penal, que dispõe sobre “tomar refeição em restaurante (…) sem dispor de recursos para efetuar o pagamento”. Dessa vez, ele ficou preso e foi enquadrado no artigo 171 pelo crime de estelionato.
“Ele faz de propósito, já sai de casa com a intenção de dar um golpe porque sabe que vai ser detido e liberado. Na semana passada ele estava aqui na delegacia pelo mesmo motivo, ou seja, vai toda semana a um restaurante diferente. Mas agora eu optei por conduzir de uma outra forma”, afirma a delegada, acrescentando que o homem é morador de São Pedro da Aldeia.
O caso chocou os funcionários do estabelecimento. O garçom Thiago Ribeiro informou que o homem, de 53 anos, chegou ao restaurante por volta das 15h30, pediu a Thiago para ser atendido com exclusividade mediante um pagamento extra e conversou durante toda a tarde.
“Ele falou da vida inteira. Disse que era empresário, que ganhava R$ 30 mil por mês e bancava a família toda. Chegou a dizer que ficou em cadeira de rodas por um período porque não tomou a vacina da poliomielite, e que passou por momentos difíceis. Acho que é um homem sozinho que queria chamar atenção”, conclui Thiago, que disse nunca ter passado por nada parecido em 10 anos de profissão.
O garçom revela ainda que começou a desconfiar de um golpe quando foi chegando perto da hora de fechar o restaurante. O homem chegou a dormir na cadeira e a chamar dois táxis, que teve que dispensar por não poder sair do local, já que não tinha feito o pagamento. Segundo Thiago, os motoristas ficaram bastante tempo esperando e receberam a corrida.
“Ele disse que estava esperando a família, que todos iriam para lá, mas ninguém apareceu. Foi dando a hora de encerrar o expediente e eu liguei para o meu patrão. Então chamamos a polícia”, lembra o garçom.
A delegada Andressa Mantel disse que os policiais tentaram colher o depoimento do homem, mas ele estava alcoolizado e também não quis falar depois. Ainda de acordo com a delegada, até a manhã deste sábado (30) não havia chegado nenhum advogado para assumir a defesa dele.
O caso está sendo informado à Justiça e Andressa ressalta que se ele não puder contratar um advogado, será atendido por um defensor público.
A pena prevista para o crime de estelionato é de 1 a 5 anos de prisão. Segundo a delegada, ele será encaminhado para um presídio na segunda-feira (1º) devido ao flagrante. Ainda de acordo com Andressa, o juiz também pode determinar um fiança para que ele seja solto.