Um dos episódios mais cruciais que culminaram no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello (presidente de 1990 a 1992, cassado por corrupção em esquema chefiado por PC Farias) ganha destaque em uma nova série documental “Caçador de Marajás” do Globoplay. A produção dedica um capítulo ao papel de Eriberto França, o motorista que forneceu as provas definitivas contra o então presidente, revelando as engrenagens da corrupção que levou à sua queda.
Em 1992, Eriberto, motorista da secretária de Collor, Ana Acioli, tornou-se uma testemunha-chave ao detalhar a movimentação de contas fantasmas e depósitos feitos por Paulo César Farias — o tesoureiro de campanha de Collor e pivô do esquema de corrupção — para custear despesas pessoais do presidente. Suas revelações, que incluíam a compra de um Fiat Elba com dinheiro do esquema, foram o golpe fatal que confirmou as denúncias de Pedro Collor, irmão do presidente.
‘O Perú Molhado’ e a Homenagem Inusitada
A importância histórica do motorista Eriberto foi capturada, à época, com a irreverência característica do jornalismo praticado pelo icônico e saudoso O Perú Molhado. Um exemplar de julho de 1992 do periódico editado em Búzios, dedicou sua capa a uma homenagem bem-humorada ao personagem.
A manchete principal, em tom irônico, declarava: “A NOSSA HOMENAGEM A TODAS AS PESSOAS QUE FINALMENTE DIRIGEM ESTE PAÍS, OS MOTORISTAS.”
A capa, que estampa uma foto de Eriberto de terno e gravata, celebra o humor cívico do jornal, que, em plena crise política nacional, celebrou o motorista Eriberto por ter “entregado o esquema do Presidente Collor de Melo”. O exemplar de “O Perú Molhado”, parte da memória de Búzios, ressalta como o o jornal contracultural criado pelo lendário jornalista argentino, radico em Búzios desde os 27 anos até sua morte aos 60 anos, encontrou uma forma satírica de reconhecer a bravura do depoimento que mudou o rumo da política brasileira, e que agora é revisitado em profundidade pela plataforma de streaming da Globo.