Petroleiros cumpriram seu objetivo de chamar a atenção da população para o desmonte da Petrobrás sem comprometer o abastecimento de combustíveis. Categoria permanece participando e promovendo ações sociais até sexta
De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), foi positiva a mobilização por tempo determinado que a categoria iniciou nessa segunda-feira (25/11) e que decidiu suspender na manhã desta quarta-feira (27/11).
Além de garantir a produção de petróleo e o abastecimento de combustíveis para a população – compromisso assumido e cumprido pelos trabalhadores do setor de petróleo –, o movimento conseguiu chamar a atenção da sociedade para a política de demissões e transferências em massa, de venda de ativos e de reajustes constantes da gasolina e do óleo diesel promovida pela atual gestão da empresa.
A mobilização contou com 26 mil trabalhadores, direta e indiretamente, mais de um terço do atual corpo de funcionários da Petrobrás. As atividades envolveram ações solidárias, como a participação dos petroleiros no Dia Nacional de Doação de Sangue em diversas cidades do País, como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo e Curitiba, e permanecerão doando sangue até sexta com o mote #petrobrasnaveia. Nessa terça, na Reduc, em Duque de Caxias (RJ), os petroleiros distribuíram mil cestas básicas a trabalhadores demitidos do Sistema Petrobrás. E nesta quarta-feira (27/11), a ação social dos petroleiros promove a venda de 200 botijões de gás de cozinha a preço justo em Campos dos Goytacazes (RJ).
A FUP considera como arbitrárias as decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Primeiro, multando a categoria em R$ 2 milhões por dia de mobilização; depois, suspendendo o repasse mensal de recursos à FUP e aos sindicatos filiados à federação e autorizando o bloqueio cautelar das contas das entidades, em resposta a uma liminar da Petrobrás. A última vez em que o TST tomou decisão similar foi em 1995, quando uma greve dos petroleiros afetou o abastecimento de combustíveis do país.
Por outro lado, se as decisões do TST prejudicaram o movimento, também comprovaram a força de mobilização dos petroleiros, avalia o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.
“As decisões do TST reforçaram o potencial dos petroleiros, que se mobilizaram e garantiram o abastecimento dos combustíveis, que foram para as ruas em ações sociais. Nossa mobilização mostrou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, desconhece a legislação brasileira que dá direito de greve a todos os trabalhadores do País e desconhece a real situação da Petrobrás, que vem sofrendo com corte de pessoal e com a venda de ativos”, afirma Rangel.
A FUP ainda condena posturas antidemocráticas contra a mobilização dos trabalhadores do setor de petróleo, como a registrada na manhã desta terça-feira em Campos dos Goytacazes. Policiais intimidaram petroleiros, impedindo-os de exercer seu direito de livre manifestação.
Além das demissões e transferências em massa, da venda de ativos e de uma política de preços dos combustíveis que penaliza a população exercida pela atual gestão da Petrobrás, a FUP reitera que a companhia está descumprindo o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que foi mediado pelo próprio TST. A diretoria da empresa incluiu metas de segurança, saúde e meio ambiente (SMS) como critérios para pagamento de bônus e concessão de vantagens, o que fere as cláusulas do ACT e podem atingir diretamente os interesses da sociedade, por aumentar o desemprego, colocar o meio ambiente em risco ao precarizar o trabalho, o trabalhador e as condições em que atuam.