A 9ª edição da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) chegou ao fim no domingo (10/11) com um show de Geraldo Azevedo e uma última roda de conversa que reuniu grandes nomes da literatura e cultura negra, como Conceição Evaristo, MV Bill, Estevão Ribeiro e André Rangel. O evento, mediado pela escritora e roteirista Sonia Rodrigues, foi marcado por reflexões sobre o papel da literatura na construção de identidades e pela presença emocionante de uma jovem leitora. Durante o encerramento, o secretário de Educação de Maricá, Marcio Jardim, anunciou que a próxima edição da Flim, em 2025, homenageará a atriz Fernanda Montenegro.
Literatura e Identidade: Um Encontro de Gerações
Sonia Rodrigues conduziu o debate perguntando como as experiências dos autores se conectam com a literatura nas páginas e nas telas. Conceição Evaristo, renomada autora da literatura negra brasileira, abriu o diálogo destacando a importância da troca entre gerações, uma prática comum nas culturas africanas. “Meu nascimento na literatura vem de uma coletividade de mulheres negras no Brasil”, afirmou a escritora, destacando a importância da coletividade em sua trajetória. Um dos momentos mais emocionantes ocorreu quando uma menina de 10 anos pediu um abraço e perguntou sobre um novo livro, o que foi recebido com aplausos pelo público.
Representatividade na Cultura Popular
MV Bill, rapper e roteirista, seguiu abordando a importância da coletividade e da representatividade. Ele compartilhou como sua carreira no rap e seu trabalho como roteirista nasceram do desejo de ver nas telas personagens que representassem a juventude negra das favelas. “A novela sempre esteve nos lares brasileiros, mas não havia personagens como nós”, disse o rapper, que criticou a representação limitada das juventudes nas produções audiovisuais. Ele destacou sua participação em produções de TV e a necessidade de naturalizar a presença de protagonistas negros nas novelas.
Histórias que Representam a Diversidade Brasileira
Estevão Ribeiro, autor de mais de 23 títulos, incluindo a série de animação “Vovó Tatá”, falou sobre a necessidade de conteúdos que contemplem a diversidade familiar e cultural brasileira. “É uma produção para toda a família, algo que geralmente não vemos”, afirmou, reforçando que a equipe de roteiristas e dubladores é majoritariamente negra.
André Rangel, presidente do projeto Ruasia, destacou o papel da cultura popular e da educação para a inclusão social, citando o Passaporte Universitário de Maricá como exemplo de uma iniciativa que promove o acesso ao ensino superior. “Esse projeto tem transformado a vida de muitas pessoas, permitindo que jovens estudem em universidades privadas com o apoio do governo”, afirmou.
Encerramento Musical e Celebração Popular
No palco principal, Geraldo Azevedo fechou a 9ª Flim com um show que transformou o Parque Nanci em um grande baile nordestino. Em um repertório que incluiu sucessos como “Dona da Minha Cabeça” e “Táxi Lunar,” o cantor levou o público a uma celebração que combinou música e poesia. Uma queima de fogos finalizou o evento, marcando o encerramento de mais uma edição da Flim, que deixou reflexões sobre cultura e identidade.