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Férias, professores! – Descanso e reflexão

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por Jonathan de Oliveira Mendoça (jonathanmendoncanf@gmail.com)

Depois do primeiro final de semana de férias, sinto-me compelido a algumas considerações. Os professores são profissionais que compõem um setor da sociedade com a maior carga de trabalho extra. Com uma rotina entre as horas dedicadas diretamente aos alunos, planejamentos, elaboração de provas e trabalhos, correção dos mesmos, diários, lançamento de notas, estudo, relatórios, portfólios, recursos paradidáticos, etc. Tanto é verdade que o parágrafo quarto da lei 11.738/2008, que determina o piso salarial dos professores, diz que se deve  observar o limite de dois terços da carga horária para desempenhar as atividades de interação com o educando. O que significa que o um terço restante se reserva às demais atividades inerentes à profissão.

A diferença em relação a outras profissões, inclusive outras com maior carga-horária, é que no caso do magistério, o trabalho não acaba quando o professor sai da escola. Ele está a todo o tempo rendido à sensação de que há algo do trabalho que ainda precisa ser feito. Embora a lei reserve um terço da carga-horária para atividades extra-classe, este tempo é insuficiente. Principalmente, em se tratando de professores mal remunerados que, em absoluta regra, têm que trabalhar em dupla ou tripla jornada (o que pode significar um número ainda maior de escolas, uma quantidade incrível de turmas, que se convertem em diários a serem preenchidos, e uma quantidade ainda mais absurda de alunos, especialmente os professores que atuam no segundo seguimento. Aqui é importante destacar que a massa de nossa profissão é formada principalmente por mulheres, que já têm, é fato indiscutível, uma jornada a mais devido a estrutura da sociedade patriarcal.

A diferença em relação a outras profissões, inclusive de maior carga-horária, é que a ruptura 

Só a título de exemplo, um professor que tenha duas matrículas poderá ter, com a lei de um terço bem aplicada, quatro turmas (de três tempos) ou cinco turmas em caso de a lei ser equivocadamente aplicada, como ocorre no meu município, Rio das Ostras. Se cada uma destas turmas tem quarenta e cinco alunos, quantidade necessária em meu Estado, Rio de Janeiro, para que se abra uma nova turma, o seu universo de educandos será em torno de quatrocentos e cinquenta. Cada aluno por sua parte com um ou mais responsáveis. Uma profissião altamente estressante, portanto, na qual o exercício de paciência torna-se uma prerrogativa.”) 

Assim,  é normal que o ano tenha dois movimentos completos, ambos seguindo da euforia para a disforia. O primeiro movimento vai do início do ano até maio ou junho. Os profissionais entram cheios de determinação e vontade, mas as condições precárias e autoritárias, vão lentamente minando sua disposição. Em junho, os profissionais já estão completamente desgastados e aguardam com ânsia o direito ao meio-descanso – as “férias” de julho são definidas como apenas “recesso”. O segundo, do retorno em agosto, quando os professores retomam o gás, até o início de novembro, com provas, fechamento de nota e a pressão de que “caso não consiga deixar tudo fechado, terá que vir até 29 de dezembro”.

Recorde-se aqui que estamos falando de escolas públicas brasileiras, com suas contradições: infraestrutura ruim, falta de material básico didático e paradidático, desvalorização do profissional, direções autoritárias (em geral tratadas como cargo-político, o que gera inúmeros casos de perseguição política dos profissionais). Recorde-se ainda que estes profissionais são, desde a ascensão do conservadorismo, o setor mais atacado, inclusive pelo Estado Brasileiro.

Leis que corroboram com a tese de “escola sem partido”, uma afronta direta ao direito de livre expressão que é da própria natureza do fazer educativo, são discutidas nas casas legislativas de todo o país; deputados e movimentos ultradireitistas estimulam a prática de espionagem nas salas instaurando uma sensação de insegurança por parte dos professores que têm de ver a escola cada vez mais refém do conservadorismo e da censura.

Disciplinas fundamentais para o desenvolvimento do senso crítico vêm sendo atacadas. Sociologia e filosofia se convertem em um perigo para o governo; educação artística, história e geografia são consideradas subversivas; ciências naturais , química, física e biologia são questionadas sob a égide da religião; e português e matemática são consideradas necessárias (para a formação de uma massa de mão de obra que seja capaz apenas de ler instruções e aplicar números), desde que não estimulem o exercício crítico da reflexão. O aluno torna-se uma esponja, o professor, um recipiente que sequer elege aquilo que contém. A temerosa era das cartilhas se redesenha em nosso horizonte e nós somos obrigados a olhar para trás como uma ponte para o nosso futuro.

Nesse mesmo contexto, o templo do conhecimento, a universidade é atacada na rasteira, ideológica e economicamente. A elite não pode perdoar um setor da classe pensante. Querem a universidade para os intelectuais orgânicos de sua própria classe apenas. E ademais deste ataque, quinhentos e treze deputados decidem se a aposentadoria especial deve ser um direito dos trabalhadores da educação ou se, pelo contrário, isso é um privilégio de vagabundos. Covardes! 

Estamos de férias. A hora é de descanso. Mas talvez seja um dos poucos momentos que temos para, com a claridade da vista desenevoada das milhares de tarefas diárias, refletir sobre o caminho que se reserva para todos nós que, com todo o ímpeto de nossa juventude, nos decidimos pela sala de aula, como forma de contribuir para a construção de uma sociedade justa, de um país em que o trabalhador tenha letra, tenha voz e garanta a sua vez.

Na esteira de buscar essa utopia, reencontro-me com o sempre enérgico Paulo Freire, quando em sua/nossa Pedagogia da indignação, nos recorda que não se educa sem antes se indignar diante da injustiça; em sua/nossa Pedagogia da Autonomia nos alerta para assumirmos uma postura vigilante contra as práticas de desumanização; em sua/nossa Pedagogia do Oprimido, nos ensina que apenas do oprimido pode vir a pedagogia de sua própria libertação; e em sua/nossa pedagogia da esperança nos reacende a chama da mudança, nos possibilitando olhar para nós mesmos como sujeitos. 

Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, vem sendo sistematicamente atacado pela elite econômica através de seus asseclas (acepipes, segundo o ministro da educassaum Abraham Weintraub), no congresso, no executivo, ou em sua base social na classe média que não é capaz de digerir a existência da insubordinação e da consciência de classe.

Seguimos nós, professores, com o desafio de ter esperança, isto é, de não entregar os princípios éticos de nossa profissão, de não permitir que nos transformem em máquinas de repetição, de não ser tolidos por uma educação bancária. E, para isto, é necessário que façamos uso de nosso descanso necessário, não apenas presos à correnteza do movimento sistemático euforia-disforia, mas para que, em nosso retorno, utilizemos conscientemente a euforia que nos movimenta para lutar e construir uma educação libertadora.

Em 2011, escrevi um poema que diz que “Quanto mais a gente luta, mais a luta nos educa”. Naquele tempo, me diziam que lutar era uma questão de momento. Hoje, a uma semana e meia de completar 30 anos, sinto que este momento é cada vez mais necessário e reafirmo o que me disseram: lutar é coisa de momento, mas do momento presente!

Boas férias e boa luta, camaradas!

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