Única cidade da região a conseguir manter sua feira livre em atividade, Búzios mostra a organização e capacidade de reinvenção de seus agricultores e feirantes
Em Búzios tem agricultor familiar torcendo a língua pra explicar as novas formas de fazer o produto chegar ao cliente. Oferecendo serviço de delivery e um drive through, produtores que participam da Feira Livre Periurbana continuam trabalhando normalmente, o que significa produzir e vender, mesmo em época de pandemia.
Para a agricultora Karla Carvalho o delivery foi uma descoberta tão boa, que mesmo quando o perigo do coronavírus passar, e a feira puder acontecer novamente, as entregas em casa vão continuar.
– Estamos conseguindo colocar a mercadoria pra fora e atender todo mundo. Isso é tudo o que precisamos! O mais difícil sempre foi escoar a produção, e aqui em Búzios a gente conseguiu manter isso. No início foi difícil organizar um sistema de trabalho. No primeiro dia trabalhamos das 4h30 da manhã às 22h fazendo entregas. Hoje a gente termina às 15h e dá conta de tudo – diz satisfeita.
Tendo o dia 21 de março como marco da última feira realizada na Praça Dona Dita, na Ferradura, a Feira Periurbana segue se reinventando. Vendo todas as feiras livres dos municípios vizinhos suspenderem suas atividades e junto com elas o ganha pão de diversos produtores, a Associação da Feira Periurbana conseguiu a autorização do prefeito André Granado para funcionar em área da secretaria de Meio Ambiente, conquistando um local onde é possível manter o controle sanitário, trabalhando de forma diferenciada.
– Aos sábados, na área da secretaria a gente organiza todas as entregas. As que serão levadas na casa do cliente, e as que serão entregues no próprio local em sistema de drive trhu. Ninguém pega em dinheiro, só vale cartão na maquininha e todos de máscara com muito álcool gel – explica Hamber Carvalho, feirante e um dos organizadores da feira online.
Hamber afirma que pelo menos até dezembro a Feira Periurbana não voltará a ser presencial, da forma como acontecia antes da pandemia. Por isso ele reforça a importância em manter em nível máximo o controle sanitário, pois a contaminação de apenas um feirante pode suspender a atividade de todos.
– Mesmo que a prefeitura autorize, nós não vamos voltar para a Ferradura nos próximos meses. Em dezembro a gente avalia, mas antes disso não podemos. Não podemos expor o trabalhador – completa.
Feirante do século 21
Contabilizando 17 feiras montadas com pedidos que chegaram via internet, o sistema montado pelos feirantes não deixa ninguém parado. No domingo o grupo já está avaliando como foi a feira de sábado, e planejando a semana. Até terça-feira todos já informaram os produtos que possuem para vender, e tudo vai para o Facebook. Na página da Feira Livre Periurbana, cada feirante apresenta sua lista de produtos. O cliente escolhe e faz contato direto com o produtor, sem intermediário. Na sexta-feira todos montam suas sacolas com os pedidos recebidos e no sábado acontece a entrega. Mesmo que a pessoa compre com diferentes feirantes, receberá uma única entrega com tudo junto.