No último mês de setembro, a Praia do Peró, em Cabo Frio, recebeu o selo internacional de certificação do programa Bandeira Azul. A reunião decisiva aconteceu em Copenhagen (Dinamarca). O Programa Bandeira Azul é amplamente reconhecido em todo o mundo. Foi criado pela FEE – Foundation for Environmental Education, uma instituição internacional com diversos integrantes representando seus respectivos países.
A Bandeira Azul hasteada significa mais qualidade da água para os banhistas e moradores dos locais que obtiverem os certificados validados pelo júri internacional, mas, principalmente, elevam o turismo a uma categoria superior, pois todo o trade internacional de turismo ambiental passa a divulgar, de maneira espontânea, a Praia do Peró como destino certificado e recomendado.
Após a conquista da Bandeira Azul, a Praia do Peró pode ter empresa hispano-brasileira Mexilhões Sudeste do Brasil (MSB) especializada na produção e venda de moluscos bivalves (mexilhões e vieiras). A empresa em negociações com a prefeitura para a implantação de uma fazenda de maricultura para o cultivo de mexilhões no canto esquerdo da Praia do Peró. Segundo o governo municipal, o projeto tem licenciamento ambiental do Inea e está em fase de final de tratativas com a Prefeitura de Cabo Frio e a Marinha do Brasil.
Junto com a MSB, a fazenda pretende trazer para a região a MSB Inovação Ambiental, braço do grupo que trata do desenvolvimento, importação e representação comercial exclusiva no Brasil de tecnologias relacionadas com a aquicultura, sustentabilidade, energia renovável, monitorização marinha e processo de resíduos. Sua implementação com sucesso implica na criação total de um novo setor estratégico na economia brasileira, com um grande número de oportunidades positivas, como converter o Brasil em uma referência mundial na aquicultura ecológica, exportando a plataforma a outras áreas costeiras e outros tipos de espécies.
De acordo com a MSB, a previsão é que sejam criados 500 empregos diretos e outros 1.500 indiretos, além do impacto direto sobre a economia local e fomento da indústria de turismo, com a formação de recursos humanos necessários para a implementação do plano tanto a nível técnico/universitário como em nível de operacional, com convênios com universidades e escolas.
A empresa intenciona a criação de um selo, o “Mexilhão de Cabo Frio”, que certificará o mexilhão produzido, processado e elaborado em Cabo Frio com os controles de qualidade total mencionados, regulada na legislação brasileira sobre Denominações de Origem Protegida (DOP), e que permite ao consumidor identificar instantaneamente um produto seguro e de alta qualidade
O ciclo inicia-se com a seleção de sementes tanto de produtores locais como da própria empresa, onde se incubam as larvas até que estão em condições de ser encordoadas no mar. O mexilhão adere-se a cordas “long-line” – uma rede de cordas de cultivo lastradas por blocos de concreto (2m x 2m x 1,5 m) e dispostas em um total de 36 “polígonos”.
A partir desse momento, o mexilhão cresce por vias totalmente naturais – alimentando-se dos nutrientes trazidos pelas correntes de ressurgência sem nenhum tipo de aditivo. Quando atinge a idade comercial, os polígonos são colhidos e (crucialmente para a segurança alimentar) procede-se a depuração o mexilhão com água do mar, graças a suas próprias propriedades filtrantes. O mexilhão é, então, embalado e expedido para que chegue fresco (vivo) ao destino em ótimas condições de consumo. A MSB aguarda apenas as últimas licenças para iniciar a implantação da fazenda.
Segundo o coordenador de Meio Ambiente da Secretaria de Desenvolvimento, Mario Flavio Moreira, comenta sobre a possível criação da fazenda. “Anteriormente, a intenção da empresa seria instalar a fazenda na região da Praia do Foguete, mas era complicado por se tratar de zona de transição de pescados e ficar ao lado da reserva extrativista de Arraial do Cabo. O Inea avaliou muito bem a questão dos impactos ambientais e não tivemos resistência por parte das colônias de pesca que atuam no local. O projeto é muito bem estruturado e pode alavancar a geração de empregos, com a capacitação de moradores locais tanto para o manejo quanto para o beneficiamento dos mexilhões”, afirmou.
Ambientalistas de olho
A ambientalista de Búzios, Anna Bina, diz que precisa de mais estudos. “Sem os estudos de impacto ambiental, eia-rima, não podemos analisar os reais impactos. Este projeto não pode ser implantado na Praia do Foguete onde não é unidade de conservação, mas a proximidade com a resex de Arraial fez com que o ICMBio nao desse permissão”, disse.