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Falando de cultura com Odília Cuiabano

 

Odília Cuiabano chegou em Búzios em 1992. Trouxe na bagagem seu núcleo de dança, algo que a cidade nunca tinha visto, e desde então  forma profissionais. Após lecionar em diversos lugares,em 2007 conseguiu um sede própria. Lá se vão 25 anos.

Natural de Morrinho(GO) e formada pela Fundação Clovis Salgado – Palácio das Artes em 1982, em Belo Horizonte, ainda qualificou-se no núcleo artístico de Marjorie Quast e conquistou o diploma Roayl Academy of dance de Londres.

Para celebrar as ‘Bodas de Prata’ o núcleo apresentou o espetáculo ‘Noite de Gala’ no Teatro Municipal de São Pedro, no último domingo(12). E apresenta o espetáculo ao público buziano no dia 10 de dezembro na ‘LUV Búzios’.

Um dos atos do espetáculo apresentado no Teatro de São Pedro da Aldeia

Prensa de Babel: Vamos ser diretos na pergunta: Por que não fez  o espetáculo no CineTeatro da Rasa? .

Odília Cuiabano: Eu gostaria de fazer o espetáculo em um teatro aqui em Búzios. Mas em Búzios não tem teatro. Mas sempre me dizem que a gente tem teatro. Mas não temos teatro. Temos um cineteatro, é diferente. O palco não é adequado para este tipo de espetáculo, não tem nem coxia. Eu antes de levar para São Pedro da Aldeia tinha que montar dentro do Hotel Atlântico Búzios. Tinha que gastar uma fortuna com o palco, com coxia, cortina, equipamento de som, luz, as treliças pra fechar o palco. Uma vez gastei 30 mil reais e arrecadei de patrocínio e dos pais dos alunos 31 mil reais. Cheguei no final do ano com 1000 reais, e não cobria o gasto que as pessoas tiveram com as roupas que compraram pra se apresentar. Peguei cinco professores e dei 200 reais pra cada um. cinco professores e 200 reais pra cada um? Imagina isso?

Prensa: Não existe nenhum tipo de estrutura móvel que  a Prefeitura pudesse te disponibilizar?

Um dos atos de O Quebra Nozes realizado por Odília em 2014 no Hotel Atlântico Búzios

Odília: A prefeitura toda vez que eu vou pedir um palco eles me oferecem um palco de cinco metros, aqueles que eles usam pra show. Sei lá pra que eles usam. Simplesmente não dá. Não é possível que em 25 anos a Prefeitura não tenha uma estrutura móvel para apresentar peças de teatro e dança. Tem que ter coxia, luz, caixa preta fechada. Eu sempre dou esse exemplo: por que o tenista exige  jogar em quadra de saibro, e outras exigências, e todo mundo entende que é necessário, e quando é a dança  tem que ser em qualquer canto? Um vez eu vi a inauguração de uma praça aqui em Búzios em que a bailarina rolava pelo chão, e tava molhado. Isso é desnecessário. Nós não estamos no meio da  Amazônia, estamos aqui do lado do Rio de Janeiro. Tanto que nos apresentamos em São Pedro da Aldeia em que há uma estrutura maravilhosa. Onde  o teatro é usado pra tudo lá. Virou o coração da comunidade. O Cineteatro da Rasa tem 120 lugares, é algo  assim, um pouco mais de 100. E eu tenho 100 alunas. Onde vai ficar o pai e a mãe de cada uma delas?

Prensa:   Fazer arte em Búzios é espinhoso?

Odília: Vou te responder te contando que já escutei cada coisa. O Moisés (Maestro) que canta, que faz aquele  trabalho maravilho dele, as pessoas acham que ele tem que fazer de graça. Era pra ele estar dirigindo tudo que é de maestro aqui.Tudo, tudo de música tem que ser ele. O cara daqui a pouco terá de partir pra outra coisa. O cara deveria ser o educador musical do município, o cara é maestro.

Prensa: Muita gente te diz pra fazer apresentações em praças, nas ruas, essas coisas?

Odília: Tem uma galera que acha  isso: “vamos fazer com o que temos aqui agora”.  Eu acho que tem também que fazer isso, ocupar espaços públicos, mas não posso fazer sempre assim. Eu tenho alunos pagantes. A menina paga a mensalidade e aí eu falo pra menina que ela vai dançar duas vezes?  E eu também tenho que ganhar algum dinheiro, vou viver de que? Tenho que cobrar ingresso também. Não dá pra entender como as pessoas querem que a gente trabalhe.

Prensa: Mas vai ter uma apresentação em Búzios  em dezembro, não é?  Tem apoio da Prefeitura?

Odília: Eu me acho mesmo metidinha. Não vou mesmo mendigar na prefeitura, prefiro mendigar com pai de aluno. Estamos fazendo sem nenhum apoio. Não mandei nem convite, nisso acho que errei, eu deveria ter convidado. Não era pra tanto também. Mas na **LUV vou convidar.

Prensa: Vai ser na boate LUV?

Odília: Quero fazer para acontecer na LUV o evento, que é outro formato, diferente do se apresenta em um teatro.  Terá dança, balé, só não vai ter cenário – é uma arena. A gente enrola o *linóleo – eu tenho um porque cansei de pedir e aí comprei.  E depois abriríamos a matinê pra eles dançarem, escutarem as músicas deles.


 

 

*Linóleo -Tapetes de dança, também conhecidos como Linóleo ou Pisos de Dança, têm características próprias para cada tipo de produção, seja teatro, recitais de dança, exibições, shows, TV, concertos ou eventos de moda.

** LUV- Boate de Búzios, localizada na Orla Bardot, centro da cidade. 

 

Texto jornalistico assinado. Propriedade do Prensa de Babel. Pode ser republicado com citação do autor e veiculo

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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