Nessa última quinta-feira (28) a International Surfing Association (ISA) anunciou que o Mundial de Stand Up Paddle (SUP) e Paddleboard não será mais realizado no Brasil devido à falta de cumprimento de obrigações contratuais que um evento desse porte exige por parte da cidade de Búzios. Uma péssima notícia para a comunidade do SUP e paddleboard brasileiro.
De acordo com comunicado oficial enviado pela entidade, a edição de 2018 do ISA World SUP and Paddleboard Championship (WSUPPC) foi previamente agendada para acontecer em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, no entanto, a cidade não cumpriu com as obrigações contratuais previstas em acordo assinado com a ISA em novembro de 2017.
Como resultado, a ISA foi obrigada a garantir uma nova localidade a fim de garantir que a entrega de um evento dessa magnitude seja bem sucedida e mantenha o padrão estabelecido nos anos anteriores. Em 2017, o prefeito André Granado foi até a ISA e tinha a intenção de trazer três eventos para Búzios: 1-surfe amador 2018; 2-surfe profissional 2019 e 3-SUP 2020.
Com a participação da Confederação Brasileira de surfe (CBS), o Ministério do Esporte (que iria aportar recursos para viabilizar o evento, inclusive tendo emitido um ofício para o ISA, assinado pelo Ministro dando garantias), uma empresa de marketing que trabalha para a CBS, que ficaria responsável pela captação de patrocínios. Um grupo de trabalho foi criado com a participação de membros de todas as entidades envolvidas, que se reuniu por algumas vezes, quando foi apresentada uma estimativa de custo de cada evento, para termos um ponto de partida.
No entanto houve mudanças no que havia sido planejado inicialmente. Segundo a prefeitura, a informação que a ISA teria indicado iniciar com o SUP em 2018, para depois realizar o de surfe, então a CBS, acatou a decisão da ISA, acreditando que no ano seguinte seria realizado o profissional de surfe que iria classificar atletas para as olimpíadas de Tóquio em 2020.
Confira a nota da prefeitura
“E com a melhor das boas intenções nos convenceram a aceitar o desafio, ocasião em que assinamos um termo de compromisso (sem constar valores), pois já tínhamos uma informação inicial que seria em torno de 200 mil dólares o custo total do evento, no entanto no decorrer do tempo a empresa de marketing apresentou um custo de mais de 1 milhão de dólares, onde a ISA cobrava um royaltie altíssimo, custos de passagens aéreas, hotéis, transfers e alimentação para todo o seu staff, árbitros e etc.
Além de tudo, queria que fosse feito um depósito substancial em sua conta no exterior, com valores elevados de taxas e impostos que iriam aumentar em torno de 1/3 do valor a ser transferido, que seria referente a royalties, o que se tornou um obstáculo jurídico para a Prefeitura resolver, além de não dar a certeza de que Búzios sediaria o campeonato de surfe profissional em 2019, e a empresa de marketing assim como o próprio ISA, não captaram patrocinadores, somente a prefeitura conseguiu conquistar patrocinadores, porém também teriam perdas para transferir as suas cotas de patrocínio para o exterior, além de quererem garantias da realização do evento, e por outro lado o ministério do Esporte também estava tendo dificuldade para liberação do recurso estabelecido, pois também não conseguiria transferir para o exterior parcelas do pagamento, então a prefeitura se propôs a pagar parte do custo, inclusive disponibilizando um valor substancial, porém exigia que fosse para uma conta do ISA no Brasil.
Foi quando o ISA estabeleceu um advogado no Rio para tratar desta questão do pagamento, no entanto o ISA não teve em qualquer momento interesse em resolver estes impasses, sempre exigindo que fosse feito a transferência, e foi então que a Prefeitura solicitou a presença de um representante do ISA, em Búzios para discutir os pontos que não havia consenso e buscar uma solução viável para ambas instituições, e a Prefeitura sempre deixou claro que queria realizar o evento.
E surpreendente recebemos um e-mail do ISA, esta semana informando que tinham cancelado unilateralmente o compromisso, da realização do evento em Búzios, estamos tomando as medidas legais e lamentamos muito que uma entidade já consolidada tenha agido desta forma”, explica-se a prefeitura.
Atleta crítica prefeitura
Um dos grandes nomes do SUP buziano, o atleta Vinicius Martins, crítica o governo municipal pela não realização do evento internacional na cidade. O Vinícius é o atual campeão do Rei de Búzios. “Nunca subestime a irresponsabilidade e a desonestidade de um político brasileiro do tipo que só quer aparecer. Tenho certeza que o Brasil e Búzios têm problemas muito mais sérios que o cancelamento de um campeonato mundial de Stand Up Paddle (SUP), o que não pode ser aceito é que o prefeito de uma cidade descumpra não só com sua palavra, mas com a assinatura de contrato sério com uma entidade internacional, criando desta forma um processo judicial para a cidade, o transtorno para o esporte brasileiro de não poder mais sediar nenhum evento da International Surfing Association e o transtorno de centenas de atletas de todo o mundo que lutaram muito para se classificar e organizar uma viagem para representarem seus países. Prefeito André Granado mais uma vez manchando a reputação do lugar que eu mais amo no mundo”, disse o competidor.
