Nestes meses do ano, os quintais, árvores, forros e telhados das casas de Búzios recebem a visita de um conhecido animal silvestre, muitas vezes acompanhado de seus filhotes: o gambá. Esta época é, justamente, o momento de reprodução e amamentação da espécie, em que as fêmeas se expõem à procura de alimentos ou de abrigo.
O Didelphis aurita, que é a espécie de gambá mais comum, o mais encontrado no Brasil. O gambá é um animal solitário, arbóreo, de hábito noturno, lento e pacífico, inofensivo ao ser humano. O biólogo e youtuber, Henrique Charles explica que o fenômeno de multiplicação dos gambás nas casas da Região dos Lagos, na primavera e no verão, se deve ao momento de reprodução e amamentação das gambás fêmeas, sendo muito comum a cena de uma gambá amamentando ou carregando os seus filhotes pelos telhados e árvores.
“O gambá é um animal que não causa nenhum problema, é semi-urbano e conforme a população e as cidades vão se ampliando para dentro da região das matas, o contato com este animal acaba sendo maior. Gambás não atacam, apenas revidam quando acuados, portanto não se deve colocar a mão neles” orienta Henrique. Infelizmente, é comum encontrá-los atropelados, pelo seu ritmo lento nas estradas, ou mortos após ingerir veneno.
O cinema e os desenhos animados eternizaram a cena dos gambás exalando um forte cheiro forte, que serve como meio de defesa, e pode mudar conforme a espécie. O gambá pode ser atraído pelo lixo, por isso é importante mantê-lo tampado, e eles costumam sair à noite, a procura de comida para os filhotes. Outra dica é manter forros, porões e outros locais que possam servir de refúgio para eles, tampados.
“Gambás não transmitem doenças, mas não é aconselhável que se faça o contato físico. Também não é preciso ter medo, porque da mesma forma que aparecem, saem. São semi-arborícolas. Ajudam a controlar as pragas, comem ratos, carrapatos,cobras, escorpiões, e quase tudo o que for menor e apareça na sua frente. Eles possuem uma função importante na natureza porque dispersam as sementes, fazem parte do ecossistema, por isso não se deve matá-los” esclarece Henrique.
A função do gambá como caçador de escorpiões é fundamental para o combate a estes nas residências, já que o escorpião sim, tem veneno e oferece sérios riscos à vida do ser humano. Em novembro deste ano, o Prensa reportou o surgimento de escorpiões em residências no bairro da Ferradura.
Culturalmente, entre os moradores mais antigos existia o costume de se caçar e matar gambás para consumo em Búzios, já que é uma carne apreciada por algumas pessoas. Ambientalistas e biólogos, no entanto, orientam a que essa prática não seja feita, pelo importante papel que o gambá desempenha na fauna. Além disso, matar gambás ou qualquer animal silvestre, ainda que para consumo próprio, representa crime contra a fauna silvestre, e o indiciado pode vir a pagar a multa de até R$ 500 por animal abatido.
Gambás em casa: O que fazer?
“Da mesma forma que o gambá entra, ele sai e vai embora. Ainda assim, se o animal por algum motivo permanecer no local, sugiro que se acione a guarda ambiental, a Secretaria de Meio Ambiente, o INEA ou IBAMA. Uma pessoa que encontre um gambá filhote em sua casa pode alimentá-lo com ração de gato, banana amassada e leite sem lactose, enquanto as autoridades não chegam, mas não pode deixar de ser comunicado às autoridades sobre a presença deles” reforça Henrique.
A Secretaria de Meio Ambiente e Pesca de Búzios informa que qualquer pessoa que encontrar um gambá, seja na rua ou no seu telhado, inclusive amamentando filhotes, deve entrar em contato com a Secretaria. Existe um plantão que também funciona aos finais de semana, pronto para atender essas questões. O telefone de contato para estes casos é o (22) 2623- 0196.