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Ao contrário do que imaginamos, a grande massa de trabalhadores é a maior vítima da violência. Eles estão entre os traficantes e a policia na favela. Eles estão nos ônibus que são assaltados.

Chicão é Mestre e Doutor em História social pela UFRJ. professor concursado do estado e da prefeitura de Búzios, além de produtor cultural Chicão é Mestre e Doutor em História social pela UFRJ. professor concursado do estado e da prefeitura de Búzios, além de produtor cultural
Chicão é Mestre e Doutor em História social pela UFRJ. professor concursado do estado e da prefeitura de Búzios, além de produtor cultural
Chicão é Mestre e Doutor em História social pela UFRJ. professor concursado do estado e da prefeitura de Búzios, além de produtor cultural

Na década de setenta, a esquerda justificava a criminalidade dizendo que a causa era a fome. Na verdade, aqui a esquerda tinha razão em parte. Muita gente assaltava pra comer e/ou dar de comer à sua família. Muitos assaltantes eram presos após as compras em mercados e supermercados.

Os anos se passaram e com tantos programas de erradicação da fome, isso acabou: ninguém assalta ou é traficante hoje por causa de comida. Ou quase ninguém.

E hoje, a Esquerda diz, em geral, que a violência existe porque o cara não teve boa educação. Quando afirmam isso, os intelectuais de Esquerda jogam a culpa da criminalidade para cima dos professores. Pois milhares de criminosos passaram pelas mãos dos professores e ainda assim escolheram a vida de crimes. Será que os professores falharam em sua missão de educa-los e civiliza-los ? Eles são uns coitadinhos que não têm culpa alguma pelas escolhas que fizeram?

A educação no Brasil precisa melhorar muito, mas ela é hoje muito melhor, em termos de facilidades, do que era há 40 anos. Hoje, o moleque pobre tem passe livre para ir à escola, tem merenda, tem quadra para esportes e mil formas disponíveis para aprender, como computadores, livros bons e professores mais instruídos. Jogar a culpa da criminalidade na falta de educação é apenas um clichê fácil. Todos sabemos que criminosos de classe média têm acesso a boa educação, a boa saúde e também delinquem. Basta ver as gangues de pit boys de boates e os lutadores de torcidas organizadas para constatar que há algo errado nesta teoria.

A outra desculpa é que o pobre quer ser burguês mas não pode, logo apela para a violência. Ele quer ter roupa de grife e tênis de marca, mas o capitalismo não deixa.

Esta explicação é outra aberração. A desigualdade vai sempre existir, até mesmo nos países comunistas mais radicais. E o ambicioso também, não necessariamente das classes pobres. Sempre há algo que você poderia obter e não tem condições. Por esta avaliação, no dia em que os pobres quiserem ter Ferraris e Foguetes estaremos realmente em maus lençóis.

Milhões de pobres honestos das favelas e dos bairros da periferia não são criminosos. Escolheram formas civilizadas de viver e lutam muito para ter alguma coisa na vida. Dizer para ele que a violência é culpa da pobreza é ofensivo, pois ele é pobre e não escolheu o caminho fácil do tráfico e do crime.

Ao contrário do que imaginamos, a grande massa de trabalhadores é a maior vítima da violência. Eles estão entre os traficantes e a policia na favela. Eles estão nos ônibus que são assaltados.

As respostas clichês da Esquerda explica porque ela não entra nas comunidades pobres: seu discurso é odioso para elas. E quando seu discurso é odioso para a classe que você diz representar, você está ferrado politicamente. Sua tendência é ficar no gueto político, habitado apenas por aqueles que pensam igual a você.

 

Imagem da capa, quadro de  Andy Warhol

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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