Integrantes do GT de enfrentamento à doença participaram da live ‘Roda da Prensa’ na quarta-feira (29)
Dados estatísticos comprovam que a Região da Costa do Sol está longe de alcançar o desejado achatamento da curva de casos
A live “Roda da Prensa”, que vai ao ar de segunda a sexta-feira às 19h no Facebook e Youtube da Prensa, tratou nesta quinta-feira (29) dos avanços do novo coronavírus na região da Costa do Sol, monitorados pelo GT (grupo de trabalho) de Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ Macaé desde o início da pandemia. A médica Karla Santa Cruz Coelho e a psicóloga Alessandra Aniceto apresentaram dados estatísticos que comprovam que a região está longe de alcançar o desejado achatamento da curva de casos.
O GT da UFRJ Macaé, integrado por 120 docentes, além de alunos e técnicos administrativos, acompanha a evolução da doença nas cidades de Macaé, Rio das Ostras, Conceição de Macabu, Quissamã, Campos dos Goytacazes, São Fidelis, São João da Barra e São Francisco do Itabapoana.
Abrindo o tema, a médica Karla Santa Cruz Coelho, que é também coordenadora do GT, mostrou em um dos gráficos as cidades com mais casos registrados de coronavírus: Campos e Macaé. No total, a região possui quase um milhão de pessoas.
Em toda a região, três cidades apresentam aumento no número de casos: Macaé, Campos e São Fidelis, esta última temos dados mais preocupantes de acordo com Karla Santa Cruz.
Prevenção e Isolamento
A médica salienta que é preciso reforçar as medidas de prevenção ao vírus, como manter a higiene, lavar as mãos, uso do álcool em gel, distanciamento social, isolamento domiciliar.
“É preciso ficar em casa, sair só em caso extremo de necessidade e usar máscaras. Isso é muito importante, porque são medidas que são comprovadas, possuem evidência científica e é o que vai prevenir e evitar mortes. Até hoje não temos nenhuma medicação que salve vidas e não temos a vacina ainda”, enfatizou.
“Desde o início da pandemia, nós não contabilizamos o número ideal de pessoas em isolamento domiciliar. O percentual, que era acima de 70%, em março, no início da pandemia, tivemos taxa de isolamento grande, mas à medida que o tempo foi passando, foi acontecendo a flexibilização, e a taxa de isolamento foi caindo e hoje está abaixo de 40%”, alertou.
Taxas de casos confirmados e mortalidade
A médica Karla Santa Cruz Coelho comenta:
“No Brasil já temos 88 mil pessoas que morreram em decorrência da doença. O Estado do Rio de Janeiro está com 75,5 mortes por habitante e outros municípios vão registrando números semelhantes. Como Macaé, que está com 42,9, e Rio das Ostras, 36,5. Todas essas informações são checadas diariamente. São informações oficiais. Todos os dias nós acessamos os sites das prefeituras para checar”, declarou.
MORRENDO EM CASA– A taxa de letalidade aponta a quantidade de óbitos registrados sobre o total de casos. No Estado do Rio de Janeiro, o dado aponta para um número em torno de 8,7 em Campos (6) e São Francisco do Itabapoana (6,3). Em Macaé, segundo os dados do GT, têm ocorrido um grande número de mortes por causas indeterminadas. Cerca de 60% do total de mortes da cidade aconteceu dentro dos domicílios.
“Essas causas não foram confirmadas como coronavírus. Porém temos algumas suspeitas. Muitas pessoas, com medo de se infectar, não estão indo a hospitais e estão morrendo em casa. Isso merece um estudo bastante detalhado e uma investigação da Secretaria de Saúde. Houve aumento de mortes por causas cardiovasculares em todas as cidades que estamos monitorando. As pessoas estão indo menos ao médico, estão fazendo menos controle da pressão arterial, por exemplo”.
Já em Cabo Frio, na Região dos Lagos, as mortes por Covid-19 representam, segundo o estudo do GT, 16% do total de óbitos em 2020. A taxa de mortes de homens é maior que a de mulheres.
Teleatendimento
Serviço de teleatendimento Covid-19 ajuda com informações e prevenção
Para auxiliar na disseminação das informações corretas uma central de informações foi criada para que a que a população de todo o estado obtenha informações corretas sobre a doença. Através do número (22) 2141-4048, atendendo de segunda a sexta-feira das 9h às 17h, a população poderá ter acesso simples às formas de prevenção e os locais adequados para buscar atendimento médico.
O teleatendimento, de acordo com a psicóloga Alessandra, ajuda também evitar que a população seja alvo de fake news e “mitos” em torno do coronavírus.
“Temos, diariamente, um bombardeio de informações, mas que são desencontradas ou até mesmo falsas. O teleatendimento começou como um projeto de extensão com 32 estudantes de medicina e enfermagem, sob a supervisão de 11 professores de medicina, enfermagem, farmácia e técnicos da UFRJ Macaé e especialistas em tecnologia da informação. Trazemos informações completas sobre a ‘etiqueta respiratória’, dúvidas sobre onde receber atendimento, diferença entre síndromes gripais e a Covid-19, além de quando sair ou não para buscar atendimento”, explicou Alessandra.
A “etiqueta respiratória” é qualquer manobra que evite a disseminação de pequenas gotículas oriundas do aparelho respiratório e digestivo. Simples hábitos como colocar o braço na frente da boca quando tossir ou espirrar, lavar as mãos regularmente e evitar tocar os olhos, nariz e boca, por exemplo.
Essas atitudes surtem um poderoso efeito, pois quando há o bloqueio da disseminação dessas gotículas provenientes de espirros e tosses, evita-se uma possível contaminação de outras pessoas que estão em um mesmo ambiente.
Acesse o documento com os dados organizados pelo GT COVID-19
As médicas responsáveis
Karla Santa Cruz Coelho, médica, epidemiologista, docente de saúde coletiva do curso de medicina da UFRJ Macaé e Coordenadora do GT Covid-19 UFRJ Macaé.
Alessandra Aniceto, professora de Saúde Mental – Medicina UFRJ Macaé, psicóloga, mestre em psicologia, doutora em Saúde Coletiva e Sanitarista.