Ao parar moradores de Cabo Frio nas vias da cidade e fazer a pergunta “qual setor do governo municipal você mais cobra?” a maioria respondeu “saúde”. Ficou claro que o maior desafio da prefeitura cabofriense é dar uma atenção para esta area. Houve grande mudança com o anúncio do fim do galpão de consultas, que ficava no bairro Braga. Continha filas enormes e os cidadãos tinham que madrugar.
O Prensa, com exclusividade, entrevistou quem fica de frente na gestão da saúde do município, o secretário Márcio Mureb, que entrou no cargo no último mês de setembro. Um dos desafios do Márcio, além da cobrança natural da população, é o Hospital da Mulher. Na terça-feira (18) uma moradora fez denúncias sobre a condição do local. A Secretaria de Saúde comunicou que a paciente ainda está sob cuidados médicos na unidade e que os fatos estão sendo apurados.
Márcio Mureb tem apenas três meses à frente da pasta, e informou ainda que em virtude da denúncia também vai apurar os fatos, e então se manifestará com mais detalhes.
Confira a entrevista na íntegra:
Há uma reunião interna com os diretores de todas as unidades?
Veja bem, as pessoas querem um secretário para si, eu tento ser um secretário mais abrangente possível. Na medida do possível nós nos reunimos para determinações de coisas mais abrangentes, não por menores. Dar um exemplo: agora estou envolvido com uma licitação e fornecimento de insumos e remédios, então isso é uma ação mais abrangente. Essas ações que são pertinentes a cada unidade, cada uma vai seguindo uma linha dentro do que é estabelecido, dentro do plano de governo. Óbvio que plano de governo tem que incluir todas as coisas que são dentro das RDCs (Resoluções da Diretoria Colegiada) , é quem regula esse tipo de atendimento junto a vigilância sanitária. De cada estado, de cada município.
Notou alguma melhora na sua gestão?
Essa análise não cabe a mim, tem que ser a população a fazer essa análise, seria assim fazer um autoelogio sem muito sentido. Mas eu deixo esse tipo de julgamento para as pessoas e assim, em saúde, a gente sempre tem uma premência, a gente sempre tem uma cosia que é urgente, que é necessário, você está falando de doença, né. E não é possível na velocidade de hoje que as pessoas esperam tomar qualquer providência no que a gente encontrou, herdado de outros governos. Mas o caminho é, primeiro: planejamento, resolver essas coisas pontuais que independe de eu tomar uma decisão aqui e alguém ta lá na frente morrendo. A pessoa que ta lá pra isso, executando isso, precisa dos insumos, dos utensílios, das tecnicidades para resolver esse caso pontual. Mas a minha ação não é direta sobre isso, a minha ação é global, eu atingir um maior número de pessoas, porque eu não executo nada, quem executa são as pessoas lá na ponta. Tento fornecer os meios para que essas pessoas executem e pra isso a gente tem que ter planejamento.
Teria alguma ação planejada já para 2019?
Hoje, a grande ação contundente que estamos tomando é evitar que haja desabastecimento, que as pessoas não morram ou não sofram em decorrência de desabastecimento, esse é nosso maior foco nesse momento. Existes em paralelo outras ações que é o resgate da saúde básica, que a saúde básica está pelo menos seis anos sem uma ação. Ela está totalmente desmantelada, está dependendo de obra, dependente de melhoria, dependente de compra de equipamento, de melhorar as pessoas que estão lá. A grande ação que na verdade ocorreu até o momento foi o fim da marcação das consultas no galpão, que era asqueroso. Iam pessoas de madrugadas doentes, enfim, uma fila que não dava pra saber se a pessoa iria conseguir uma consulta, apesar de estar aquele tempo todo. Então essa seja a grande mudança dessa realidade hoje.
E para 2019 é a gente tentar colocar os trens nos trilhos, ele está totalmente fora do trilho. Porque não houve planejamento lá atrás. Gestão em área de saúde tem que haver planejamento, isso é uma obrigatoriedade. E toda a gestão ela segue uns parâmetros, por exemplo, em caso licitatório a gente tem a lei 8666/93, que inclusive, tenho dito ali, que se eu for fazer alguma licitação tenho que provisionar e tenho que prever, ou seja, tenho que me programar.
Após o fim do galpão de consulta, tem uma melhora considerável no serviço?
Qual o nosso termômetro? É a diminuição da queixa. Raramente você tem pessoas falando bem, mas quando a queixa diminui isso significa que o processo está fluindo. Estatisticamente as pessoas falam bem três vezes, mas pra falar mal falam 13 vezes. Então essa divulgação não é muito… ela não se propaga como a gente queria. Mas só o fato de ter diminuído a reclamação, isso já é um bom sinal.
O fim do galpão de consulta foi uma proposta do prefeito Adriano Moreno na época das eleições suplementares. Existe uma outra que será feita?
Eu não participei diretamente da campanha (do Dr Adriano). Eu vim da iniciativa privada, vim com um olhar da iniciativa privada para o serviço público. Que não é a melhor, mas é a mais se adéqua na nossa realidade. Porque lá a gente compra por o menor preço e maior qualidade, nesse aspecto. E o resto é igual: o tratamento as pessoas tem que ter o mesmo respeito, tem que ter a mesma honradez, tem que dar dignidade a todo mundo, seja no serviço privado ou no público. A diferença está nos processos administrativos que eu vim com a visão da iniciativa privada para tentar organizar o setor público aqui. De fato, a medida que a gente organize toda parte administrativa o resto, as ações são consequências da organização. Não adianta eu querer de forma desordenada tomar um monte de ação que no fim não são concluídas.
Deixa um recado final para a população…
O que a gente deseja para todos é que precisem menos dos serviços públicos de saúde para que as pessoas tenham menos doenças, que as pessoas consigam ter uma vida mais digna já que a gente vai enfrentar um novo governo presidencial. Mais importante disso tudo é que a gente vem trabalhando para que essa resposta que todo mundo anseia, de qualidade no serviço, melhora no atendimento, diminuição de filas, atenção e humanização sejam concretizadas, não sejam só palavras.