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Entrevista com o prefeito André Granado sobre o recolhimento de lixo em Búzios

 

Victor Viana

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Prefeito André Granado

Desde dezembro do ano passado, Búzios passou a enfrentar sérios problemas relacionados à falta de coleta de lixo no município, atingindo seu ponto mais crítico entre o final de dezembro e meado de janeiro, onde grandes quantidades de sacos de lixo podiam ser vistas por todos os cantos da cidade. Com o acumulo de lixo, automaticamente começaram outros problemas, além do mau cheiro e do risco de doenças, surgiram os ratos e baratas.  Uma situação calamitosa com certeza, mas ainda assim bem “menos pior”  que  a situação em que se encontrava outros município do estado, inclusive a vizinha Cabo Frio.

A população reagiu de forma questionável, em relação a resultados práticos, mas que se tornou comum em todo o mundo: com fotos e textos no Facebook. A comunicação da prefeitura, por sua vez, não devolveu respostas à altura do problema (é preciso ser dito), permanecendo em um silêncio desrespeitoso. Houve manifestações, algumas inteligentes como as do advogado Hamber Carvalho, que levou todo o lixo de sua rua no bairro José Gonçalves para a estrada “Búzios x Cabo Frio” onde o caminhão precisa passar em direção ao aterro sanitário de São Pedro da Aldeia. E também tiveram as manifestações não tão criativas, aquelas de se espalhar mais lixo pelas ruas e coisas do gênero.

A empresa responsável pela coleta do lixo (Selix) se manifestou: alegou que a s ruas estavam muito cheias devido o grande fluxo de turistas na cidade, tornando o trânsito impossível (nosso trânsito está realmente impossível, mas em minha opinião a empresa que dê seu jeito) e também que a produção de lixo quadriplicou no período (isso também é verdade, sejamos sinceros).

O prefeito André Granado, por sua vez, assumiu que os pagamentos a empresa estavam atrasados e lembrou que havia mais de 50% de inadimplência de IPTU, é certo que a conta não está fechando. Uma tentativa para ajudar a equalizar a situação do lixo se deu com a proposta enviada pelo Executivo à Câmara de Vereadores, e que foi aprovada em 1º turno, estabelecendo um aumento significativo no valor da taxa para grandes produtores de lixo; hotéis e supermercados, por exemplo. A lógica seria: se produzem mais lixo precisam pagar uma taxa à altura de sua produção. No entanto, mais uma vez a informação oficial não conseguiu explicar isso para a população, foram todos convencidos de que a taxa era para o cidadão comum. Houve protestos e daí em diante a proposta não andou mais e foi pra gaveta.

Nas duas últimas semanas, mesmo ainda não sendo satisfatória, é notória a melhora no recolhimento, em especial do inicio desta primeira semana de fevereiro. A questão do lixo é um problema mundial e Búzios terá de enfrentar o problema de frente: o Poder Público e a população. É certo que a população terá de mudar hábitos, no entanto a administração pública precisará ao menos melhorar seu canal de comunicação com aqueles a quem serve: o povo.

Essas e outras questões relacionadas ao lixo estão na entrevista concedida pelo prefeito André Granado. Confira.

Uma das principais reclamações é de que a o contingente de caminhões para o recolhimento não é suficiente. O que o senhor teria a dizer?

A Prefeitura de Búzios colocou mais dois caminhões para intensificar o trabalho, eram cinco e com esses são sete, para fazer o recolhimento do lixo.

Alguma outra medida que acredite que vá dar uma alavancada nesse processo de resolução do recolhimento de lixo?

Paralelo a isso a empresa Selix trocou o supervisor, outra pessoa agora cuidará da coordenação da coleta visando a regularização.

O senhor me disse, para outra matéria que eu estava fazendo, logo no inicio das discussões sobre esse problema do lixo, que realmente estava atrasado o pagamento da empresa e que havia um déficit muito grande na arrecadação do município. Esse problema ainda ronda a Cidade, da falta de dinheiro?

Em dezembro e em janeiro a prefeitura pagou 2 milhões e 200 mil reais de coleta e  ainda 500 mil ao aterro sanitário em São Pedro da Aldeia. O pagamento é feito por cada caminhão que entra lá. Uma fortuna.  São 59% de inadimplência em IPTU, e a queda vertiginosa da arrecadação dos royalties, é bem simples perceber o problema.

Há outras medidas que estão sendo tomadas para equilibrar essa baixa na arrecadação?

Em dezembro do ano passado enviei para a Câmara de Vereadores a proposta da alteração da coleta de lixo estabelecendo um aumento significativo no valor da taxa para os grandes produtores de lixo.  Alguns hotéis chegam a produzir cerca de 10 toneladas de lixo por mês, e pagam um valor bem aquém do tamanho dessa produção. Ou seja, o contribuinte comum paga pelos empresários. Se eles produzem mais lixo, eles têm que pagar uma taxa maior ou terceirizar o recolhimento, é a colaboração deles com a sociedade nesse momento de crise. Mas também estamos intensificando a fiscalização a veículos de turismo que não estejam em dia com suas obrigações fiscais, há uma proposta de cobrança mínima pelo uso do banheiro público, são alguns exemplos.  O banheiro gera um custo alto para o município: e vasos sanitários e espelhos são quebrados, torneiras roubadas.  Quem tá pagando isso é o contribuinte, podemos cobrar um valor pequeno para que o turista e o visitante possam colaborar com a Cidade, concedendo, é claro, o uso gratuito à população carente, aos idosos acima de 60 anos e às crianças de até 10 anos.

Então acredita que, mesmo com esses desafios, conseguirá resolver essa questão do lixo?

Sim. Aos poucos a questão do lixo será resolvida. Já estamos avançando. Em janeiro começamos retirando o acesso acumulado, e agora já estamos normalizando o recolhimento.  Mas precisamos também que a população faça a sua parte, uma delas é não colocar o lixo na rua logo após o caminhão de lixo passar.  O caminhão passa sempre pela manhã, não adianta deixar à tarde.

Mas muitas pessoas reclamam que em seus bairros a coleta não é diária como no centro.  É compreensivo que, diante das dificuldades econômicas, a coleta seja em dias alternados. Mas é preciso que se divulgue um cronograma dos dias de cada bairro, não acha?

Sim.  Estamos estudando junto com a empresa uma melhor estratégia e em breve divulgaremos esse cronograma.

A empresa que coleta o lixo chegou a emitir nota reclamando da grande quantidade de gente na cidade no período das férias escolares e festividades de fim de ano. Esse é um problema que acho que não se resolve fácil, porque estamos recebendo cada vez mais gente de forma desordenada e nosso sistema de mobilidade urbana ainda não está favorável pra melhorar nosso trânsito (agora temos engarrafamento o ano todo). O que se dizer sobre isso?

Olha, a quantidade de lixo que a cidade produz é cada vez maior – a praia, por exemplo, produz um lixo absurdo. No último final de semana o caminhão de lixo saiu da Praia da Ferradura carregado de cascas de coco. Muito pesado e sem possibilidade de colocar nenhum outro tipo de lixo. E a verdade tem de ser dito, o comércio da venda de água de coco gera uma receita muito pequena pro município diante do gasto que temos pra recolher o que sobra desse comércio. Temos que rever isso, e tantas outras coisas relacionadas ao lixo.  É um poço sem fundo.

Prefeito, não há nenhuma proposta ou projeto que preveja um processo de coleta seletiva?  Reciclagem? Esse negócio de juntar lixo e levar pra longe é caro pro município e degrada o ambiente que precisamos, nós em especial por sermos cidade turística, para vivermos, não se sustenta mais, não é verdade?

Nessa proposta da alteração da taxa de coleta de lixo para grandes produtores  previa  aumento pra eles, mas também previa abatimento de 60% se implantassem a coleta seletiva, assumindo a separação e a destinação do lixo reciclável. Sobre isso ninguém falou. O mesmo pode ser adaptado ao lixo doméstico.

Verifique no link abaixo todas as matérias que publicamos relacionadas ao problema do LIXO 

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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