“Caos total, falta de respeito! Consegui falar com um atendente apenas uma vez, o restante foi tudo virtual e não resolveu nada. Vieram aqui sem aviso prévio, disseram que já voltariam, mas já se passaram 3 horas”, desabafa Fabio, morador do bairro Manguinhos, um dos muitos que sofre com as falhas no fornecimento de energia em Búzios, na Região dos Lagos do Rio, uma das principais cidades turísticas do Brasil. A situação em Búzios é comparável ao que acontece recentemente em São Paulo, onde, após um temporal, o número de residências sem energia superou o da Flórida, que havia sido atingida pelo furacão Milton, o diferencial no município fluminense é que não precisa chover para que moradores sofram sem energia. Mas, em ambos os casos, a Enel está no centro dos transtornos e prejuízos sofridos pelos moradores.
As interrupções constantes no fornecimento, que chegam a durar até 18 horas, são agravadas nos dias de chuva, mas ocorrem também em dias de sol. Além das quedas de energia, os moradores sofrem com variações bruscas de tensão que danificam aparelhos elétricos. “Em um dia de ventania, perdi dois eletrodomésticos porque a energia oscilava tanto que os disjuntores não seguraram”, relata Eduardo de Caravelas.
“Há três semanas, um transformador ao lado da minha casa explodiu e pegou fogo. Ficamos quatro dias sem energia, e quando voltou, ainda havia problemas”, conta outro residente em Manguinhos. A Enel tem sido alvo de críticas intensas e crescentes por parte da população local.
A Amanrasa, Associação de Moradores das Praias de Manguinhos e Rasa, lidera a denúncia contra a concessionária, apontando negligência e cobrando uma solução definitiva. Mesmo nos bairros centrais e turísticos, como Geribá e Caravelas, a população enfrenta problemas severos e a falta de uma resposta concreta da empresa.
A Prefeitura de Búzios já entrou com uma ação coletiva de indenização contra a Enel, exigindo medidas urgentes. Em resposta, a empresa alegou que as falhas são decorrentes de “adversidades climáticas” e que quadruplicou o número de equipes nas ruas. No entanto, os moradores relatam que as quedas de energia continuam, mesmo sem chuva.
Comerciantes e empresários locais, como Ricardi, que é proprietário de um restaurante no centro, também contabilizam prejuízos. “Nos últimos 60 dias, a energia ficou instável desde o amanhecer até o final da tarde. Sou constantemente prejudicado por causa dessas falhas”, afirma. Enquanto a população aguarda por uma solução real, a Amanrasa continua monitorando os impactos e pressiona por uma atuação mais eficiente da Enel e da administração pública