Relato espontâneo de um satisfeito Mark Zussman

Fui criado nos EUA sob o signo de faça-você-mesmo. Você quer que um serviço seja realizado conforme as suas especificações exatas e de uma forma exemplar? Faça você mesmo. Portanto, sempre preferia fazer as compras presencialmente. Minha mulher, igualmente americana, também. Gostamos de apalpar os tomates e inspecionar defeitos nos abacates e nos melões, e gostamos, como bônus, das breves interações com funcionários que conhecemos há anos.

Além do mais, os entregadores raramente encontram a nossa casa, sem repetidos telefonemas, nesta cidade sem placas para identificar as ruas, e também o fato que o nome da nossa rua no Google Maps não corresponde com o nome que todo mundo usa só serve para agravar as dificuldades. (Na verdade, o Google Maps está errado.) Resultado: nunca solicitamos nem a entrega de uma simples pizza marguerita. Nem uma vez. Aturamos os dissabores de um delivery só quando não pode ser evitado – quando, por exemplo, compramos um item, como uma lava-roupa, que não se encaixa em nosso diminuto porta-malas.

E aí veio o coronavírus algumas semanas atrás, e o cononavírus mudou tudo. Pelos critérios brasileiros (e, sei lá, talvez conforme a realidade), minha mulher e eu somos idosos, eu com 76 anos, ela com 68. Decidimos seguir as orientações das autoridades sanitárias, ficarmos isolados em casa, e deixarmos os heróicos jovens – sim, heróicos – tomar conta do nosso reabastecimento. E que maravilha! Descobrimos, primeiro, que o Golden Market tem um aplicativo extremamente sofisticado, absolutamente Primeiro Mundo, talvez melhor do que o Primeiro Mundo. Você preenche os seus dados para se cadastrar. Você escolhe os seus produtos de um catálogo extremamente elaborado on-line. Você indica quantas unidades você quer de cada ítem. (De cada ítem tem uma foto.) O aplicativo calcula o total a ser pago, e você paga on-line ou por cartão de crédito ou de débito ou você indica que você pagará em dinheiro quando o pedido for entregue. Quem sabia que um tal serviço existia aqui em Búzios? Não eu.

Sempre gostei do Leo e da Ellen (ou talvez Elin; nunca se sabe aqui no Brasil), os idealizadores do Grupo Golden, mercado e padaria, e de toda a família deles. Sempre gostei também dos funcionáros – da Vânia, da Julia, da Deborah, da Luana e de tantos outros cujos nomes nunca soube. No caso da nossa solicitação de ontem, um certo Lucas ajudou muito por telefone quando nos deparamos com um pequeno entrave. Um pouco mais tarde, o Lucas ligou para nós para avisar dos dois itens em nossa lista que estavam por enquanto em falta.

Quanto à entrega, não sei exatamente o que esperávamos, mas o fato de que ficamos assombrados pela qualidade da entrega deve significar que esperávamos um grande número  de sacolas de plástico meio desorganizadas. Nada disso. O pedido chegou em caixas de papelão uniformes, impressas com as palavras “Golden em Casa”, e dentro das caixas tudo estava embalado com cuidado. O entregador, a propósito, usava máscara e luvas. Emilson, se chamava? Boa gente. Não fui pago por ninguém para escrever este elogio. É simplesmente que eu reconheço um serviço de qualidade quando o vejo e quero registrar meu apreço. O Golden está fornecendo um serviço à altura das ambições de Búzios e da nossa auto-imagem mais lisonjeira. Pergunto-me agora: a nossa querida Búzios está à altura do Golden? Todos os louvores.