Com essa frase de Jesus, celebrando o domingo de Páscoa, a Prensa traz à reflexão o momento em que vivemos no mundo, em que temos acesso a todo tipo de conteúdo, de forma rápida e acessível na palma da mão, mas que, nem sempre reflete a verdade dos fatos. Somos cativos dos dados manipulados, da calúnia, do linchamento virtual, da fake news e da manipulação das consciências mais simples.
Vivemos cercados por tudo, menos pela verdade. Essa, precisa de muito esforço, pesquisa, técnica e profissionalismo para ser apresentada. Porque ela existe, muitas vezes, no entanto, está como o ouro em meio a lama, escondida à espera de quem cave fundo para revelar o seu brilho. O conteúdo preguiçoso, replicador e sem questionamentos, vêm sendo aos poucos confrontado.
A pandemia de COVID-19 nos colocou em um momento de angústia em que a necessidade da solidariedade de cada um e a atenção real dos governos em relação aos mais pobres precisa ser cobrada. E nosso papel, é também, divulgar as medidas que por eles são tomadas, sem ser militante.
O distanciamento crítico e sadio a prática do jornalismo profissional, que caracteriza-se por seguir regras técnicas e padrões de conduta que garantem relatos fidedignos de fatos relevantes, é vital para que a sociedade possa ter apoio para que seus direitos sejam garantidos e detenha o controle social dos recursos públicos.
Por isso, o jornalista precisa também conhecer a história, um dos itens que distingue o jornalismo profissional das diversas formas de jornalismo artesanal praticadas no atual momento em que cada um se tornou uma mídia, mas não um jornalista.
Recorremos a Marx, “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Tragédias mundiais como essa pandemia já assolaram o mundo antes, e na ocasião, como agora, as farsas travestidas de “salvadoras da pátria” e atitudes consideradas “altruístas” não poderiam ser investigadas e questionadas em tempos de fragilidade. Prática que já criou no passado ditadores e líderes que, voltando a Jesus, são como “cegos guiando outros cegos” (Mateus 14,15).
É notório os tempos tristes em que as autoridades insuflam a população a ter o jornalismo como inimigo para que possam com isso encontrar um salvo conduto para a prática de uma nova forma de ditadura, que utiliza-se dos mecanismos legais para maquiar de democracia e espírito público, o que na verdade pode indicar apenas a utilização do caos para validar, como coro da massa desinformada ou mal informada, e por isso mais facilmente manipulada, métodos não protocolares – em alguns momentos inconstitucionais, que podem esconder interesses escusos e nocivos à vida, em especial a dos mais pobres.
Cabe a cada um, em seu espaço na sociedade, fazer a sua parte. A da Prensa, mesmo em meio às limitações financeiras, que dificultam a locomoção, remuneração justa dos profissionais, cobertura de todos os gastos operacionais, e o investimento em recursos de tecnologia e melhor distribuição do conteúdo, essenciais também para a independência editorial, é FAZER JORNALISMO. Afinal, o papel da imprensa também é revelar o que está escondido, porque, afinal, ainda no espírito da data, neste 12 de abril 2020, voltando a Jesus:
“ (…) Não se acende uma vela para colocá-la debaixo de um cesto. Ao contrário, coloca-se no alto e, assim, ilumina a todos os que estão na casa.” Mateus 5,15