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Por Sandro Peixoto

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Durante muito tempo, Búzios ficou conhecida como a cidade que não havia carnaval. Ao menos não aqueles carnavais famosos do Brasil afora. Verdade que sempre tivemos nossos bloquinhos. Tímidos, porém alegres. Alguns deixaram saudades como o Ai Meus Ossos e o Rola Cansada. O Ai Meus Ossos foi do tempo em que tudo de bom acontecia no bairro dos Ossos – na ponta da península. Época anterior ao surgimento da Rua das Pedras. A marchinha até hoje é cantarolada por alguns moradores do bairro que por coincidência abriga o único cemitério da cidade.

“Ai meu osso, ai meus ossos
Ai meus ossos que ninguém segura
Tá todo mundo indo, tá todo mundo indo
Tá todo mundo com um pé na sepultura
”.

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Cabelada foi um dos fundadores do saudoso Rola Cansada.

Já o Rola Cansada, do centro da cidade era um escracho. Tal qual a Búzios da época.  Esse bloco foi Idealizado por Cabelada, Tei (filho de Hélio) e o saudoso Carneiro. A Rola como era carinhosamente chamada, desfilava pelas principais ruas do centro de Búzios tendo a frente e em destaque, um enorme caralho de madeira com duas asinhas. Os turistas, principalmente as mulheres, achavam engraçado demais. As crianças riam também. Não havia nada de pornográfico. Claro que apareciam uns chatos para reclamar da ousadia. Como se nos dias de folia de Momo houvesse regra no Brasil.

A marchinha da Rola era assim:

“A Rola novamente na avenida
Cantando como nunca mais cantou
Enaltecendo o Búzios paraíso
Por isso ela ainda não murchou
Eu perguntei a ela o que havia
E ela logo respondeu
A Rola rejuvenesceu, a Rola rejuvenesceu
Só resta agora
Com empolgação
Relembre a Rola esse lindo refrão
Da beijinho meu tesão
Faz carinho coração
Pois sem motivo a Rola não levanta não”.

Com o fim dos blocos, A cidade virou o destino ideal de quem não gostava de carnaval. Tivemos até um CarnaJazz, idealizado pelo então secretário de Turismo Isac Tilinger. Foi uma maneira inteligente de oferecer alguma atração musical aos turistas que escolheram a cidade. A ideia genial caiu como uma luva, pois o público queria alegria mas estava fugindo das batucadas.

Outra época

Com a fartura dos Royalties de petróleo no final dos anos 1990, e a benevolência do prefeito Mirinho, diversos blocos surgiram pela cidade. Verdade que blocos como Cachaça no Bule (de Manguinhos), Vou Alí e Volto Já (dos Ossos) e Cocotas de Tucuns já animavam o carnaval em suas localidades mas foi no governo Mirinho que se organizou os primeiros desfiles da cidade na rua Turíbio de Farias. Havia sonorização, trio elétrico, decoração a caráter e ordem de desfile. Os blocos por sua vez começaram a caprichar nos enredos, nos sambas e nas alegorias. A coisa foi crescendo, crescendo e perdeu as características e o controle.

Para piorar, os presidentes das agremiações não estavam acostumados a prestarem contas de seus gastos, mas com dinheiro público na jogada o cerco apertou e alguns blocos desapareceram pelo simples fato de não ter como explicar os gastos; O Ministério Público foi em cima da prefeitura e o governo parou de dar dinheiro público. Sem a grana fácil, o carnaval de Búzios voltou ao passado. Alguns blocos ainda animam os bairros de origem. O Chupa Mas Não Baba do Centro de Búzios (uma tentativa tosca de relembrar o Rola Cansada) desfila pela Turíbio de Farias e Rua das Pedras. Mas quase sempre tem briga e bagunça. O Vou Ali e Volto Já dos Ossos como já diz o nome, sai em procissão pela Orla Bardot até a Praça Santos Dumont de onde dá meia volta ao bairro de origem.

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Foto Folha de Búzios

Os últimos carnavais nada de novo trouxeram para a história da cidade.  Em 2014, por  exemplo, a notícia que bombou foi o acidente com o Catamarã da empresa Tour Shop do atual secretário de Turismo de Búzios. O barco adernou na Praia da Tartaruga lotado de turistas. Por sorte ninguém morreu.

 

Leia todos os textos de Sandro Peixoto 

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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