Um certo ar de alegria costuma pairar no ar assim que as estações mais quentes chegam, sobretudo o verão. Idas à praia, encontros ao ar livre, roupas leves e coloridas deixam os dias especialmente mais festivos. Além disso, as fortes chuvas, causadas pelo calor extremo, também são características dessa época do ano e alertam para a chegada de algumas doenças sazonais ligadas ao período.
Para se ter uma ideia, em fevereiro, no município e no Estado do Rio de Janeiro, os governantes decretaram, respectivamente, “estado de emergência em saúde pública por causa da dengue” e “epidemia de dengue”. A doença precisa de atenção especial, por conta do grande número de casos, mas é preciso lembrar que ela não está só.
De acordo com o coordenador médico da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) no Hospital Municipal Evandro Freire (HMEF)/CER Ilha, José Pozza, é preciso dividir a ocorrência das doenças relacionadas à chuva em três categorias: 1 – aquelas devido ao acúmulo de água e consequente aumento na proliferação de mosquito transmissor, como a já citada dengue, zika e Chikungunya; 2 – as ocasionadas pelo contato direto com água ou alimentos contaminados pela água das enchentes, como diarreias infecciosas, leptospirose e hepatite A, e, por fim, 3 – algo muitas vezes esquecido, uma doença grave ocasionada pela limpeza inadequada de objetos e residências após a baixa das águas, o tétano.
Boa parte dessas doenças tem sintomas semelhantes. Dengue, zika e chikungunya, leptospirose e hepatite A podem ocasionar mal-estar intenso; febre; dores pelo corpo e na cabeça; em determinados casos, diarreia; vômito e, em algumas situações peculiares, quando evoluem para a forma grave, hepatite A e leptospirose podem apresentar olhos e pele amarelados, a chamada icterícia. Já os sinais clínicos do tétano podem ser rigidez nos nervos, dificultando a mobilidade, e alteração do nível de consciência.
“Como muitos sintomas se confundem, é o profissional médico quem estará habilitado a fazer a distinção entre essas doenças, avaliar a gravidade e a necessidade ou não de tratamento em nível hospitalar. Por isso, é fundamental buscar atendimento médico imediato no caso do aparecimento de algum desses indicadores para obter o diagnóstico exato sobre a enfermidade em questão e tratamento adequado”, pondera o médico.
O especialista destaca também que diarreias infecciosas e hepatite A, em geral, têm evolução de forma favorável. Já a leptospirose pode chegar a quadros mais graves, com a necessidade de sessões de hemodiálise e até intubação e utilização de ventilador mecânico para auxiliar a respiração.
A dengue tem quadros agravados principalmente a partir da primeira reinfecção – quanto maior o número de infecções, maior a chance de gravidade. Zika tem como sua principal manifestação de gravidade os vários números de casos de microcefalia em bebês nascidos das mães que se infectaram no período gestacional. A chikungunya pode cursar com dores crônicas como sequela, necessitando de uso de múltiplos analgésicos potentes e, por muitas vezes, intervenção de reumatologistas e neurologistas especializados em controle da dor.
Por fim, ele explica que o tétano tem letalidade altíssima e o tratamento é muitas vezes restrito a tentativas de controle dos sintomas.
“Ainda sobre a gravidade de tais doenças, em geral, todas costumam ter ocorrências como as relatadas acima, mas é preciso levar em consideração as características individuais. Pessoas nos extremos da vida, muito idosas ou muito jovens, por exemplo, podem não ter o sistema imunológico tão competente para combater as infecções além de evoluir com desidratação de forma mais precoce. Assim, fazem parte do grupo mais suscetível à evolução de forma grave. Pessoas com comorbidades preexistentes e em tratamentos que debilitem a imunidade também podem ter uma resposta pior à agressão secundária, já que a patologia relacionada ao contato com água contaminada das enchentes ou adquirida por meio de vetores nem é a causa isolada para uma possível complicação”, ressalta.
Diante da realidade vivenciada pelo Rio de Janeiro e muitos outros estados brasileiros, a prevenção segue sendo a melhor pedida para o bem individual e comum. É imprescindível evitar o acúmulo indevido de água da chuva para a diminuição da proliferação dos vetores e o contato com água contaminada das enchentes, sempre que possível; e usar repelentes, telas nas janelas e até mosqueteiros para diminuir a possibilidade de contato com o transmissor, além de higienizar corretamente as residências após a baixa dessas águas.
Outra forma eficaz e importante de ser sempre lembrada é a imunização por meio de vacinas contra tétano, hepatite A e, a mais recente, contra a dengue.
Sobre o Hospital Municipal Evandro Freire
O Hospital Municipal Evandro Freire, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro, é um complexo hospitalar gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Sobre o CEJAM
O CEJAM é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos fundada em 1991, que atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu e Itapevi.
Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
No ano de 2024, a organização lança a campanha “366 Novos Dias de Cuidado, Amor e Esperança: Transformando Vidas e Construindo um Futuro Sustentável”, reforçando seu compromisso com o bem-estar social, a preservação do meio ambiente e os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).