Considerado no período imperial a segunda maior obra artificial do mundo, o Canal Campos-Macaé, inaugurado no século XIX, volta ao centro das discussões históricas e culturais com o documentário “Memórias Perdidas no Canal”, dirigido por Marcelo Fonseca. O filme integra a programação do 1º Circuito Macaense de Cinema Independente, que está em andamento desde 20 de setembro.
As próximas exibições estão programadas para os dias 15 de outubro, no NUPEM/UFRJ das 14h às 17h; 21 de outubro, no IFF Campus Macaé, durante a 10ª EXPOCIT e a III Semana de História; e 23 de outubro, no CIEP Maringá, em Campo d’Oeste, dentro de atividades escolares.
O longa-metragem foi viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, e propõe uma reflexão sobre a memória coletiva e o lugar do canal como patrimônio histórico e identitário do estado. A narrativa combina a historiografia da pesquisadora Ana Lúcia Nunes Penha, doutora pela UFF e autora da tese premiada “Nas Águas do Canal – Política e Poder na Construção do Canal Campos-Macaé (1835-1875)”, com depoimentos de moradores que vivem às margens da obra, revelando dimensões sociais, ambientais e econômicas.
Além do olhar acadêmico, o filme dá voz a personagens locais como Seu Gilson, Sr. Jacaré, Sra. Regina e Sr. Vanderlei, além de contar com a participação da ativista socioambiental Thayná Fernandes, do professor doutor Francisco Esteves e de Rodrigo Lemes. Juntos, eles ajudam a recompor a memória fragmentada e as contradições de um patrimônio que, para alguns, é lembrado como marco do Império; para outros, como um simples valão.
Segundo Marcelo Fonseca, registrar essas memórias é “um ato de reparação simbólica e de fortalecimento da identidade territorial” da região.