Por Eduardo Graf Lichnowsky
Tirei minha carteira de motorista em 1982 aos 18 anos de idade. Fui treinado no exército onde exerci a função profissionalmente pela primeira vez em minha vida. Dirigi desde de caminhões (Toco), Rurais, e Veraneios, além dos jipes 4 x 4 que estavam sempre sem freio, para desespero de sargentos, cabos e demais oficiais que me acompanhavam. Lembro uma vez que levei autoridades ao campo de treinos em Guaratiba, na Restinga de Marambaia. A estrada era em mão dupla, eu vinha pela direita e precisava entrar a esquerda. Um coronel começou a me orientar para que eu parasse no meio da auto estrada para dobrar no local desejado, não obedeci a ordem de um superior (eu era soldado) e fui para o acostamento a minha direita e esperei até que o trânsito permitisse a manobra perigosa. Na volta ao quartel na Urca, fui informado pelo meu chefe, o subtenente Quintino, que o General que também estava no veículo veio recomendar a minha contratação em definitivo, pois se tratava de um excelente motorista. Ainda trabalhei durante dois anos como motorista entregador de pizzas em San Diego, na Califórnia, uma experiência em tanto, e como transportador de antiguidades no Rio de Janeiro, fazendo viagens intermunicipais e estaduais. Tudo isso para dizer que tenho experiência, jamais estive em um acidente de trânsito, ou seja, me considero um bom motorista e recentemente fiz um curso de direção defensiva.
O que vejo em Búzios são motoristas educados e sem o stress e violência característicos do trânsito carioca. As pessoas param para pedestres e sempre que preciso entrar na nossa José Bento Ribeiro, basta dar uma piscada no farol que acreditem, sempre param e me liberam o acesso.
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Mas como assim, você veio aqui para cantar as mil maravilhas de nosso trânsito, não vai ter críticas e polêmicas? Assim não tem graça, vou procurar outro artigo para ler!!
Calma pessoal, vamos lá então. Para começar alguns absurdos de engenharia de trânsito. Alguém já se tocou que na Rasa, bem em frente ao posto de policia, onde são colocados cones enormes e apenas um carro pode passar por vez, existe um ponto de ônibus? Sim a 1001 a Salineira, param exatamente no único local onde é impossível fazer ultrapassagens, fazendo com que tudo pare, até que os passageiros entrem e paguem suas passagens. Uma evidente estupidez que parece invisível para nossas autoridades.
Logo mais adiante vemos muitos turistas seguirem reto para o Alto da Rasa, ao invés de dobrar a direita em sentido ao Rio de Janeiro. Este é um cruzamento muito mal sinalizado pois as placas se encontram no meio da curva, muito tarde para que o motorista possa reagir. Este é um local onde ocorrem diversos acidentes e causa engarrafamentos homéricos nos feriados e férias, onde é óbvio que deveria, ao menos nestes dias, ter um apoio da nossa Guarda, que ao contrário do que precisamos, nos oprime com suas blitzes.
Um dos locais mais perigosos e confusos já não se encontra mais dentro de nosso município, mas com o qual devemos ter atenção e achar soluções pois não apenas nós e nossas famílias usamos, mas todos que nos visitam. Trata-se do trevo de Búzios, logo após o Posto Até que Enfim, bem na entrada de nossa cidade. Não vou me alongar muito, qualquer pessoa que passar 15 minutos ali (eu costumo pegar ônibus no local) vai entender o grau de caos e loucura que rola por ali, e naquela rodovia.
Para nossa sorte temos poucas escolas particulares, aquelas onde a burguesia local leva seus filhos todo dia de carro, em uma corrida que mais parece uma disputa. Pais e mães desesperados, na ânsia de chegar primeiro (sabe-se lá por que) nos ultrapassam em ruas residenciais e apertadas, sem respeito aos moradores e animais que vivem por ali. O mais incrível é que todos tem que parar exatamente em frente a porta da escola, ninguém pode andar 10 metros, pois assim, já sabe né, perdeu. (?).
Enfim é um mundo de competição não é mesmo, a cara do capitalismo!
Agora vamos falar um pouco das vans antes do gran finale com nossos queridos motoqueiros, os grandes campeões desta crônica.
Tenho certeza que entre os profissionais das vans existem na maioria pessoas responsáveis e trabalhadoras. Mas não é muito difícil de esbarrar com os mais incautos. Sabe aquela curva perigosa, aquele local apertado, onde o trânsito não flui? Então é ali que alguns deles adoram parar. Dependendo do horário, estão com sangue nos olhos e farol alto ligados ultrapassando a tudo e a todos vorazmente, e ai de quem estiver na frente. Já em outras horas, andam como tartarugas e param muitas vezes na estrada, não dando a mínima para quem vem atrás. Mas vamos ficar por aqui, minha ideia não é criar inimigos, apenas viver de forma mais civilizada e prazerosa em nossa cidade.
A parte triste desta estória fica por conta dos jovens que estão tendo acesso a todo tipo de pequenas motos (as mais perigosas). Totalmente desterritorializados eles não sabem e não dão o mínimo de respeito às regras de segurança e leis de trânsito. Parece aquele papo de coroa que não entende os novos tempos, mas a realidade é contabilizada em estatísticas. Basta falar com os bombeiros ou ir nos hospitais para saber que muitos estão morrendo ou ficando aleijados, e isso quase que diariamente. Eles andam nas calçadas, nos acostamentos, ultrapassam pela direita, e um dos principais erros, acreditam que a faixa da pista é para ser compartilhada com outros veículos, um erro que está tirando suas vidas e deixando suas famílias de forma cruel, desesperadas. Para eles tudo que importa é que cheguem rápido ao destino, e se precisar para isso, fazem as piores escolhas possíveis, não passando por cima de nossas cabeças apenas por isso não ser fisicamente possível, senão, acreditem, eles o fariam.
Fica aqui meu relato, desejo um ótimo verão a todos e que a gente possa encontrar soluções para estes problemas que interferem cotidianamente na vida de nossa comunidade!
Nota redação:Abaixo vídeo mostra lamentável acidente de um jovem com moto em Búzios
Matéria sobre o acidente no link
Artigo analítico assinado. Opiniões emitidas no texto não correspondem necessariamente a opinião do Prensa.