O domínio financeiro do sudeste do Brasil é claro e histórico. Um fio que ao ser puxado leva até a enorme concentração de renda. É do sudeste para baixo que encontramos os grandes investidores e investimentos. E não é a toa que lá o futebol concentre sua força mais potente.
Essa afirmação inicial é comprovada pela capacidade de se manter na primeira divisão. Local de quem tem poder econômico. Esse ano, 15 dos 20 clubes pertencem as regiões sul e sudeste, enquanto que Ceará, Bahia, Goiás, CSA e Fortaleza aparecem como azarões.
Na Série B, o quadro mostra com mais evidência a força do investimento no esporte. Dos 20 clubes em disputa 6 pertencem ao estado de São Paulo. Se somarmos as equipes do eixo Sul-Sudeste o número de participantes chega a 14! Ou seja, apenas Atlético-GO, Vila Nova, Vitória, CRB, Cuiabá e Sport representam todo o restante do país.
Olhando para a Série-C, no entanto, percebemos que lá não há sequer um clube de São Paulo (estado com maior número de representantes nas séries A e B). E isso fortalece minha hipótese. A ausência de clubes paulistas significa que eles tiveram a força financeira suficiente para se alavancar até os degraus superiores do futebol nacional.
Ano passado subiram da Série C para a B: Botafogo-SP, Operário-PR, Bragantino e Cuiabá. Ou seja, 50% do acesso foi para São Paulo. Pois lá está o coração financeiro do Brasil. Por isso tamanho sucesso futebolístico. Afinal, futebol é investimento; lambari é pescado.
*Rafael Alvarenga é professor de Filosofia e amante de esportes.