Diário de Sandro Peixoto narrando suas impressões sobre os dias pós inicio da Pandemia do covid-19 em Búzios-RJ #2
Búzios 22 de março de 2020
Existem vários tipos de turismo. Aliás, eu que moro no Centro de Búzios, se for até o bairro de Manguinhos comprar tinta (meu amigo Manoel Gomes diz que Manguinhos sempre será um lugar para se comprar ração, tinta e pneus) estarei sim fazendo turismo.
Há o turismo religioso como em Aparecida; o de negócios com suas feiras e convenções que transformaram a cidade de São Paulo na capital nacional do turismo, e por fim, o turismo de lazer- que é o nosso caso.
Bem: o problema no momento é que turismo de lazer só fazemos quando estamos bem e com dinheiro. Verdade que às vezes algum estressado pode sim procurar um lugar de praia para buscar um pouco de paz e diversão. Mas na maioria dos casos quem viaja está feliz e com dinheiro ou crédito.
A se confirmarem as previsões, teremos mais 3 ou 4 meses de crise por causa do novo coronavírus. Serão 150 dias de zero faturamento para o comércio que depende exclusivamente do turismo depois de um verão decepcionante – que até tempos atrás nos deixava com uma gordurinha para ajudar a atravessar o longo inverno. Agora, nem isso.
Tenho duas lojas que dependem diretamente do movimento turístico. Com turistas vendo bem e pago minhas contas. Sem eles não consigo comer.
Mas quem mais sofre com a falta de turistas é a hotelaria. Quando um lobista sente o baixo movimento, o dono de hotel ou pousada já está sofrendo três meses antes. É que eles trabalham com reservas. Para piorar, a maioria dos pequenos e médios pousadeiros nos últimos tempos nas mãos dos aplicativos de reservas. Os “Booking.com da vida”, que, se de um lado, ajudam a manter os estabelecimentos com média ou alta ocupação, por outro lado viraram sócios, onde levam em alguns casos 20% do faturamento bruto.
Com a pandemia que por hora nos atinge, todos os hotéis e pousadas de Búzios estão tecnicamente falidos. Com zero de ocupação e zero de reservas para os próximos meses. Se você encontrar turistas na cidade certamente estão em casas alugadas pelo aplicativo Airbnb. Segundo projeção de um hoteleiro da cidade que conhece bem o mercado, temos entre 30 a 40 mil ofertas de quartos e suítes na cidade para aluguel por aplicativos sem pagar nenhum imposto.
*Sandro é articulista e cronista de Búzios e com seu humor peculiar narra sua aventura de ver Búzios de uma forma até então nunca vista/ Prensa
Este é um artigo de opinião de responsabilidade do seu autor e não representa necessariamente a opinião do Jornal.