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Diário de um peladeiro 2024, parte 4 – Issac Newton e os joelhos de Nietzsche

Entre gols e joelhos doloridos, a eterna busca de superar limites através do futebol.

Diário de um peladeiro 2024, parte 4 – Issac Newton e os joelhos de Nietzsche

O empoderamento da dor, ou a valorização do sofrimento como parte essencial do crescimento humano, é um tema central na obra de Friedrich Nietzsche, especialmente em Assim Falou Zaratustra e A Genealogia da Moral. E já que estamos citando Nietzsche, vale também citar Newton: O enunciado da Terceira Lei de Newton (Princípio da Ação e Reação) é descrito da seguinte forma: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

Sábado

Pois é, os três gols da semana passada cobraram um preço. Os joelhos carregando 99kg durante uma pelada de uma hora de duração em futebol de salão não ficaram exatamente contentes. Se toda ação tem uma reação, a minha consequência é que meus joelhos doeram a semana toda. Inclusive na academia. Passei a fazer só 15 minutos de esteira, os outros 15 de bicicleta para poupar os joelhos, mas a dor continuou.

Chegou sábado, eu evitei fazer qualquer movimento mais elaborado. Corri, acho que até chutei a gol, mas não lembro de ter dado um passe para gol, sequer. Gol então, nem pensar. Acho que ao invés de jogar futebol, eu fiz um spining elaborado na quadra. Mesmo assim, cheguei em casa com os joelhos estalando do dor.

Domingo

Hoje, domingo, 13 de outubro, teve a entrega do manto sagrado do Furabola FC, nosso querido Mustela. Dei dois passes para gol, um eu lembro que foi para o Renan, que, aliás, acreditem, tem 15 anos, contra meus 53, é como usar um Uno (eu) disputando contra um Fórmula 1(ele).  Gostei também de ter armado ao menos três jogadas que terminaram em gol. Fiz um gol com um passe açucarado do Ramon, só precisei escolher o canto do gol e chutar de chapa à direita. E um de rebote, também de direita. O Gabriel jura que fiz um gol chutando de fora da área, sim, foi um chute lindo de Trivela, mas que eu me lembre, essa bola foi para fora. Gabriel que hoje fez 4 gols, um deles de cabeça quando eu estava de goleiro. Aliás, tomei mais gols hoje que o Julho Cézar na Copa de 2014, dois deles com falhas grotescas minhas ao sair a bola de foram errada, mas vida que segue.

Já entendi que eu preciso me aquecer antes. No começo da pelada eu fico sem fôlego, a cabeça não processa nada. A ansiedade tenta me tirar a concentração, mas é para isso que a gente insiste em jogar futebol, porque é o melhor meio de controlar a ansiedade. Desacostumado com o salão, a bola corre muito. O domínio de bola é diferente. Mas vai chegando no final, tá todo mundo cansado e eu tô lá ligado no 220v. Se eu tivesse uns cinco quilinhos mais magro, dava para arriscar mais. De semana passada para cá, perdi 2kg, o que é bom, mas correr com 97kg, sendo que 15 deles na barriga, não é nada bom. Só é pior que ficar em casa depressivo. A escolha então é fácil.

Mas é isso. Amanhã vou ao médico para resolver como fazer as pazes com o joelho e continuar emagrecendo. Porque se parar de jogar, é pior. Prefiro mil vezes a dor no joelho à depressão. Assim como Nietzsche via no empoderamento do sofrimento como o caminho para a transcendência pessoal, o autor autista deste diário vê no futebol o meio para manter sua saúde mental e espiritual, mesmo que isso venha ao custo de dores físicas. É essa relação com a dor que o fortalece, fazendo com que, ao final, ele sinta que a superação é não só possível, mas necessária.

Saldo 2024    7 jogos10 gols9 assistências

Clinton Davisson Fialho é jornalista, com pós em cultura africana e indígena e mestrado em novas tecnologias de comunicação. Autor de cinco livros dos gêneros ficção científica e terror, vai lançar o sexto ainda este ano, intitulado Hegemonia I – Vellanda.

Segue a luta, apesar da dor no joelho

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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