Instituído pela ONU, o Dia Mundial do Braille é comemorado nesta segunda-feira (4) e levanta o debate sobre a inclusão dos deficientes visuais
Quantas maneiras de ler e escrever existem além do alfabeto tradicional? Nesta segunda-feira (4), é comemorado o Dia Mundial do Braille, sistema de escrita comumente usado por deficientes visuais. A data foi instituída para conscientizar a sociedade sobre a importância de inclusão de deficientes visuais aos processos de comunicação e acesso à informação.
O Braile é um sistema que oferece textos impressos em alto relevo, em que as pessoas que não possuem o sentido da visão conseguem compreender as letras e palavras por meio do tato. Os dados oficiais mais recentes sobre a presença de deficientes visuais no Brasil são do Censo de 2010, e mostram que cerca de 24% da população tinham algum tipo de deficiência naquele momento, o que correspondia a 46 milhões de brasileiros.
A deficiência visual é a modalidade mais comum. De acordo com os dados do IBGE, o número de cidadãos com algum grau de problema para enxergar chega a quase 20%. Se considerados aqueles que não conseguem ver de forma alguma ou que têm grande dificuldade, o índice cai para 3,4%, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas. Desse total, 582,6 mil são incapazes de enxergar.
O Sistema Braille é uma alternativa para que estas pessoas tenham contato com a leitura. O método foi criado pelo francês Louis Braille, em 1925. Louis ficou cego após um acidente na oficina do pai, e ao longo do tempo, adaptou métodos utilizados por soldados franceses para comunicação noturna. A versão final foi apresentada por ele em 1837.
Como funciona o Braille?
O sistema é baseado em pontos com relevo em papéis, que são apreendidos por meio do contato com a ponta dos dedos. Por meio da combinação de apenas seis pontos, distribuídos em duas colunas, é possível fazer até 63 caracteres diferentes.
Segundo a União Mundial de Cegos, apenas 5% dos livros em todo o mundo são transcritos para o Braile. Em países mais pobres, esse percentual cai para 1%.
A pesquisadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e professora, Candice Aparecida Rodrigues Assunção, é deficiente visual e acumula no currículo uma vasta experiência no debate de inclusão educacional do deficiente visual. Candice acredita que o braile proporciona independência às pessoas com deficiência visual. Em uma matéria divulgada no portal do Inep, a pesquisadora ressaltou um dos avanços do Braille no Brasil, que foi a utilização do sistema em provas do Enem.
“O Inep tem avançado bastante nessas questões de acessibilidade, por exemplo, a prova do Enem em braille e agora a correção das redações que também será feita em braile”, ressaltou. “Quando o participante entrega a prova em braile, é a forma original, fidedigna ao que ele escreveu. Ao passar a redação por intermédio de um ledor, pode acontecer de passar algum erro. Então, isso já é um avanço bastante importante”, completou.
O Dia Mundial do Braille apenas foi instituído em 2018, após a Assembleia Geral da ONU.