No Brasil, a data é comemorada no dia 17 de julho
Por: Débora Evelin e Laís Vargas
O dia 17 de julho no Brasil marca algo importante, mas muitas vezes desvalorizado. Nesta data se celebra o Dia de Proteção às Florestas. O dia é especialmente lembrado pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e ribeirinhas do Brasil, mas também por ambientalistas e diversos órgãos de proteção ambiental.
Localmente, o dia também possui sua importância porque várias cidades da Região dos Lagos possuem as denominadas Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Cabo Frio, por exemplo, possui a Área de Proteção Ambiental do Pau-Brasil. Essa, infelizmente, é constantemente atacada por queimadas, criminosas ou não, e derrubada de árvores.
Para muitos, quando se imagina o termo “Mata Atlântica” a primeira imagem que surge na mente são árvores enormes. Porém, não é bem assim. A vegetação de restinga também faz parte da Mata Atlântica e é um dos biomas mais agredidos na Região dos Lagos, principalmente na alta temporada.
O biólogo, Eduardo Pimenta, informa que na região existem diversas áreas remanescentes de Mata Atlântica, como por exemplo a da margem e foz do Rio São João, em Cabo Frio. Há também as já mencionadas, restingas. Além das tradicionais Dunas, que são parte característica das regiões de Arraial do Cabo e Cabo Frio.
Pimenta também ressalta a “caatinga fluminense”, que é um tipo de vegetação de clima semiárido e natural dos municípios de Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia. Essa paisagem é classificada como estepe arbórea aberta e apresenta cactos gigantes, arbustos retorcidos e pequenas flores. As árvores desenvolvem galhos retorcidos e entrelaçados para resistir ao clima seco. De acordo com Eduardo Pimenta é o único tipo de caatinga litorânea.
“Além de todas essas, podemos mencionar também a vegetação de cobertura de dunas e a da mata ciliar dos rios. De uma maneira geral, essa diversidade de vegetação e florestas são de grande importância para a região. Algumas mais arbóreas, outras mais arbustivas ou rasteiras. Mas todas com sua devida importância”, explicou o biólogo.
Eduardo Pimenta fala ainda que as políticas públicas de proteção ao meio ambiente são essenciais e de grande valor para a vida humana.
“A importância das florestas não só para o nosso ecossistema, mas para todos, é enorme. Porque é vital para a saúde deles e também o bem-estar dos seres humanos. Se um ecossistema está sadio, a sociedade também está saudável, porque ele traz inúmeros benefícios, como ar puro e qualidade de vida”, finaliza Pimenta.
Áreas de proteção
Diversas áreas descritas acima são protegidas pelas três esferas do poder público: Municipal, Estadual e Federal. Entre as áreas mais protegidas estão:
O Manguezal do Porto do Carro, ou como é mais conhecido, Dormitório das Garças, que foi revitalizado a pouco tempo.
O Parque Municipal da Boca da Barra, que é um monumento de grande relevância ecológica, econômica e social para Cabo Frio, abrigando espécies endêmicas da fauna e da flora, e componentes geográficos rochosos de valor científico inestimável. Mas, que ao mesmo tempo, sofre com o turismo das altas temporadas.
O Parque Estadual da Costa do Sol, conhecido também como APA do Pau Brasil. Temos também a APA Estadual da Serra de Sapiatiba, que protege remanescentes florestais da Serra de Sapiatiba, parte de planície e da lagoa de Araruama, no município de São Pedro da Aldeia.
A APA Estadual de Massambaba também entra na lista com uma das últimas áreas remanescentes de restingas, lagoas costeiras e brejos ainda em bom estado de conservação. Essa APA é responsável pelo abrigo de inúmeras espécies de aves migratórias e hábitat de espécies vegetais endêmicas.
Na região, temos o Mangue de Pedras, na praia da Gorda, no bairro da Rasa. Ele é um dos últimos manguezais que ainda restam na cidade e apenas um dos três mangues de pedra que existem no mundo. Os outros dois estão localizados em Recife e no Japão.
Em Casimiro de Abreu, existe a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado que corresponde a uma área de mais de 150 mil hectares que compreende os principais municípios onde há ocorrência do mico-leão-dourado, espécie ameaçada de extinção. Além dele, entretanto, a unidade abriga outras espécies igualmente ameaçadas, como a preguiça-de-coleira, o lobo-guará, o gato-maracajá, o bagrinho, a borboleta-da-praia e a onça-parda.
Shantala Torres, CEO da empresa BlueBirdsBR, trabalha na área da sensibilização ambiental, na cidade de Saquarema, promovendo projetos sustentáveis em parceria com estas unidades de conservação. Em entrevista à Prensa, ela ressaltou a importância da preservação da vegetação local, e a relevância de promover o interesse da população em conhecer mais sobre este ecossistema.
“Este é um dia muito importante no calendário, pois carrega valores no despertar de uma consciência ambiental coletiva quanto a proteção das nossas florestas. Quando falamos em florestas, nós que moramos na Região dos Lagos, temos uma responsabilidade perante a biodiversidade da nossa Mata Atlântica e seus poucos remanescentes, que abrigam hoje espécies endêmicas, migratórias e ameaçadas de extinção. A vegetação local já passou por inúmeras transformações, com forte degradação desde a colonização até os dias atuais. Poucos são os remanescentes que ainda nos restam de floresta. A Mata Atlântica vem sendo cruelmente maltratada, e nós, seres humanos, fazemos parte da natureza e sentimos todo este impacto. Precisamos entender que somos um só e precisamos cuidar uma dos outros para sobrevivermos em harmonia com qualidade de vida para as presentes e futuras gerações.”