Recentemente, estudos realizados pela Universidade Livre de Berlin (ULB) apontaram a ecdisterona como substância que potencializa o rendimento de atletas. Nesse contexto, a WADA (Agência Mundial Antidoping) analisa a possibilidade de incluí-la na lista das ilegais.
Mas porque falar da ecdisterona? Pois é a substância encontrada nas folhas do espinafre. Então o vegetal será expulso da dieta dos atletas? Tem tudo para isso acontecer, embora a ULB tenha apontado que para o atleta aumentar seu rendimento consumindo espinafre seria necessário comer cerca de 4Kg cru por dia! Portanto, o problema não viria do consumo da folha natural e sim das cápsulas com alta concentração de ecdisterona produzidas em laboratórios.
A WADA, por sua vez, alega ser difícil controlar a origem da substância, caso encontrada no organismo do atleta. O que sugere, a meu ver, uma proibição iminente.
De minha parte, sou absolutamente contra que uma substância natural (vegetal, legume, fruta ou proteína) seja considerada dopante. Pois isso beneficia laboratórios e empresas de alimentos e substâncias inorgânicas e/ou processadas.
O Doping hoje é um problema cada vez mais sério dentro do esporte. Controlá-lo é uma questão de investimento em tecnologia antidoping. E, francamente, não venham dizer que não há recursos para isso, pois todos nós sabemos dos rios de dinheiros que passam por baixo e por cima de Olimpíadas, Copas do Mundo e até mesmo, campeonatos nacionais.
Se chegarmos ao absurdo de proibirmos o espinafre, estaremos sim cada vez mais próximos de ler reportagens com atletas que comem capsulas da Bayer e comida enlatada da NASA. Aí sim, meus amigos, será o fim do mundo e do esporte junto.
*Rafael Alvarenga é professor de Filosofia e apaixonado por esportes.