Vagabundo quer meter o pé e arruma desculpa filosófica. A lógica de estar sempre tenso e indignado por algo no qual se tem nenhum controle. O decoro é decoração numa paisagem em que frequentadores dos porões nunca foram responsabilizados pela tortura e sumiço de nomes. Com seus conjugues ganhando pensão vitalícia.
No emaranhando de ligações clandestinas, construções irregulares e transmissões piratas, o tiro acerta aquele convertido pela crueldade que ganha texto comovente por conta de eleições pro prédio criador de inanição. Pela vingança, pela explosão, o terror da segurança sem seguridade na política de bolsa depressão.
O monopólio da barbárie se traveste no tosco do Homem que não foi algemado quando disse impropérios. Não há funcionalidade em atos protegidos por imunidade além do fato do espelho refletir um coletivo sedento por sangue temperado por moralismos factuais. O gosto ocre de jovens desesperados, escrevendo numa folha de caderno que não sabem o que fazer quando terminarem o Ensino Médio.
Não há tédio, há desmantelamento das forças de entendimento da participação como potência de mudança. Estão putos porque a maioria do esforço diário de ser alguém digno não serve para absolutamente nada, mesmo com cultos, liturgias, reality shows e twitter.
A raiva é fundamental quando fermenta vontades que tem a ver com a destituição do modelo ocidental de vivência. Os povos originários observam discussões sobre indumentárias nunca usadas por eles enquanto há o patrocínio daqueles cidadãos para a eliminação sistemática da terra, da gleba, do curtume, do costume.
E ao andar na rua qualquer de um local alheio, há um devaneio, um grito, um pedido aflito para se socorrer aquela que poderia ser o futuro de algo bem melhor do qualquer um daquela linhagem foi e não será porque não há nenhuma defesa da sua existência.
Queríamos desistir por problemas de saúde. Queríamos não ir porque chove. Queríamos deixar porque não sabemos. Queríamos não ser porque nossos representantes são execráveis. Não dá, simplesmente não dá, porque ninguém será solidário e porque ninguém liga.
Levante com dor e vá pro batente. Vá com chuva porque não é de papel. Não deixe, alguém tomará seu lugar. Não desista nunca. Ah, sem energia, sem fôlego, sem remédio, sem tratamento. Apenas mais um a espera do caixão social. Uma nota no rodapé do jornal. Nem isso, impressão de jornal pra que se ninguém lê?
*Fabio Emecê é professor da Rede Estadual de Ensino, Mc, Poeta e Ativista Antirracista