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Por Doiss Messeder

A cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo.” 

– Mario Vargas Llosa

O catolicismo nos explica que  Lúcifer foi destituído do seu poder, e condenado a vagar pela terra recém criada, como castigo,  por desejar o conhecimento e a glória, que eram exclusivos do Altíssimo.

Doiss Messeder

Pouco depois, Adāo e Eva, numa desobediência  gastronômica, comeram da árvore da vida o fruto proibido do conhecimento, e, por isso, foram expulsos do paraíso, onde havia comodidade e vazio de ideias, lançados, na sequência, para as atribulações de uma vida de trabalho forçado, dor e culpas eternas.

Mitologicamente, podemos também ilustrar a mesma ânsia de conhecimento, por meio de Prometeu, que, por se atrever a dividir com os homens, o poder do fogo, o conhecimento ou a ciência, foi esse condenado por Zeus a ser atado ao Olimpo, e ter suas vísceras devoradas por abutres, durante o dia, recompostas à noite, num eterno banquete para as aves de rapina.  

Já a ciência nos ensina que foi, há impensáveis 500 mil anos, durante o período paleolítico, que nosso ancestral homo erectus  dominou o fogo, saiu da caverna, e iniciou a migração da Africa para Europa e Asia para a conquista planetária.

Sobre diferentes perspectivas, a humanidade  vem tentando dominar o seu livre arbítrio, e apropriar-se do conhecimento, para determinar seu destino, e não mais depender da vontade dos deuses.

A partir do desenvolvimento das capacidades cognitivas, nossa espécie evoluiu, desde a antiguidade, elaborando ideias e raciocínios, que permitiram chegar ao cérebro moderno. O  que nos permitiu, entāo, produzir  o que chamamos “cultura”.

Pensamos e  geramos ideias, e produzimos a partir das mesmas, característica, que nos empresta uma suposta superioridade sobre as outras espécies.

Fomos  capazes  de criar sons guturais, marcas nas paredes de grutas e diferentes símbolos, para evoluir até linguagem, que resultou em  papiros, livros, bibliotecas, música, dança, filosofia, ciência, arte, teatro, imprensa, fotografia, cinema, entre outras manifestações criativas.

Começamos na antiguidade, nunca deixando a busca, para criar outras formas de expressāo.

Nessa busca permanente, somente nos últimos 50 anos tivemos um salto tecnológico, que supera todos os feitos da nossa história.

Os avanços na indústria, agricultura e ciência permitiram que ganhássemos uma vida tão confortável e evoluída, como nunca antes.

Hoje produzimos objetos, meios de transporte, casas, cidades, naves espaciais e cultura tāo aceleradamente que tudo se torna antigo e obsoleto com o passar das horas. 

O novo se transforma em velho, antes mesmo de ser entregue pelos e-comerces, que nos oferecem, e tudo vendem, quase sempre inutilidades, cuja percepção de inutilidade sentimos, quando as possuímos.

No entanto, demonstrando exagerada pretensāo de superioridade e pouco  conhecimento do nosso planeta, esquecemos regras básicas de convivência com a natureza e com as outras espécies.

Abrimos a proibida caixa de pandora, e ganhamos hoje um poder de criação e destruição, como nunca antes.

Somos a única espécie capaz de destruir todas as demais pela poluição, produzida pela nossas industrias ou pelo mesmo processo pelo qual tudo foi criado: a explosão atômica.

Talvez, por isso agora, por primeira vez, na nossa historia moderna, estejamos, ricos e pobres, jovens e velhos, de todas as etnias e raças, nos cinco continentes, confinados em nossas casas, providas de Internet banda larga, cercados de Gadgets eletrônicos, mas afastados do convívio social, por causa de um vírus mortal, que, provavelmente, seja resultado do desequilíbrio, por nós mesmos imposto à natureza.

Condenados eventualmente ao isolamento, somos obrigados a comer, beber, nos comunicar remotamente com nossos entes queridos e consumir noticias, musica, filmes, arte, que sāo o resultado do trabalho de profissionais, perseguidos  e menosprezados, por desgovernos, que não se interessam pela evoluçāo inevitável, necessária ao pensamento humano.

Ter condições, para produzir e transmitir imagens, sons, e seguir criando cultura evolutiva, sempre foi o desafio de um enorme grupo de profissionais mundo afora, acostumados a viver na adversidade.

Ultimamente, artistas e produtores audiovisuais, todos fomos acusados de toda sorte de calunias, catalogados como inúteis e denunciados como supérfluos, pervertidos, indecentes. 

Nossa cadeia produtiva foi forçada a retrair-se, anular-se, esquecer projetos e rever conceitos por perseguição ideológica de um grupo ordinário, que nunca deveria ter chegado ao poder.

No campo da comunicação audiovisual, tudo deve estar vinculado com a estética e a percepção da beleza, que implica o raciocínio, emoção, que decifrem mensagens nas imagens e sons, que enviamos ao receptor.

Além de comunicar, o áudio-visual pode construir uma realidade que ajude a modificar a percepção do mundo e do indivíduo mesmo.

Nesse momento raro para a  humanidade, são absolutamente necessárias a produção e a manutenção da nossa perseguida industria cultural para superação desse momento histórico, e retomada da nossa vida, inaugurada uma nova era.

Temos a obrigação de observar com responsabilidade, quem são aqueles que detém o poder de promover ou destruir nossa industria cultural.

Somos perseguidos e censurados uma vez mais na história.

Precisamos ter a consciência de que somente pela curiosidade e pela evolução do nosso pensamento chegamos ao estágio em que estamos, e, por meio desses mecanismos, continuaremos a nos superar.

Todos os que buscamos essa evolução fomos de uma forma ou outra castigados no decorrer da historia. 

Devemos continuar mesmo que nos doa.

Nem que para isso, sejamos os Prometeus contemporâneos com nossas vísceras, ainda expostas, para que os mesmos abutres de sempre sigam, devorando-nos dia a dia com sua mais absoluta ignorância.

  Doiss Messeder é fotografo de moda e produtor audio visual dono da Agencia Simple’s

 Mineiro de Belo Horizonte , Atualmente mora no Rio de janeiro onde é Colaborador  free lancer para varios editoriais de america latina como :

Rolling stones ,Cosmopolitan,  Vogue Latinoamerica, Elle Argentina,Paula Chile, Metropolis ,

   Vip Sao Paulo, Catalogue, Club de revistas la Nacion ,Revista Caras entre outras alem de dirigir vídeos clips e produzir eventos eco-sustentaveis.



Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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