Laís Vargas
Vendas abaixo da média, receio por parte do consumidor, redução do número de postos de trabalho, dificuldades para cobrir os custos operacionais e até fechamento de lojas. Estes são alguns dos problemas enfrentados nacionalmente e também, pelo comércio de Rio das Ostras, nos mais variados segmentos. Condições que ainda devem demorar para mudar.
Segundo o economista e especialista em gestão de negócios, Fernando Viera Neto, com o agravamento da crise, somente no ano passado cerca 5 mil lojas fecharam as portas no Estado. “As vendas estão em queda e as dificuldades financeiras só aumentam. Além disto, prejudicam o setor os juros altos, a inflação e o aumento dos impostos estaduais, como ICMS e IPVA. Ainda assim, a maioria dos empresários trabalhou no limite. Muitos tiveram prejuízo e continuam no vermelho, enfrentando sacrifícios e muita burocracia para seguirem com as portas abertas”.
Para ele, a situação de Rio das Ostras tem um agravante porque muito da economia da cidade gira ao redor do setor público. Segundo o especialista, isso normalmente não é uma boa coisa porque torna os moradores de certa forma dependentes de seu respaldo. “Por exemplo, por causa da crise houve um grande número de demissões, mas não aconteceu uma contratação subsequente ou a abertura de um concurso, como seria normal. E isso influenciou diretamente no poder de compra dos moradores da cidade, afetando, obviamente, também o comércio”.
Prejudicados
Pontos comerciais em galerias, lojas de rua, pequenos e grandes comércios têm sofrido com a crise. Até mesmo supermercados e farmácias que vendem bens de primeira necessidade têm registrado redução no volume de vendas. Qualquer pessoa que passa na rua com frequência pode perceber o “abre e fecha” de lojas diferentes no mesmo ponto comercial em 2016 e no início de 2017. Porém, existem aqueles empresários que tem persistido e mesmo com a baixa nas vendas tem lutado para manter seu comércio prosperando.
Um desses exemplos é a proprietária de uma loja multimarcas, Carla Bruna Guimarães. Ela comenta que suas vendas caíram cerca de 25% em 2016. Já nesse ano a porcentagem ficou em 15%, em relação ao ano passado, e por isso teve que enxugar o número de funcionários e remanejar o número de peças que deixava em estoque.
“Comecei a pensar em soluções para manter meus clientes vindo a minha loja. Esse é o momento do empresário mostrar que possui um diferencial. Investi em algo mais especializado nas redes sociais, mas para contrabalançar esse custo estou passando mais tempo na loja. Não posso delegar tantas funções. Esse é o período de sacrifícios e concessões”, explica.
A empresária também cita outros dois problemas, além da recessão que o Brasil enfrenta, causadores dos problemas que o comércio de Rio das Ostras enfrenta. “Eu sei que é uma cadeia de problemas e todos estão interligados, mas todo o problema com a Petrobras e o subsequente esvaziamento de Macaé e Rio das Ostras causou um grande baque da economia do município e todos os lojistas sentiram muito. Outra situação foi a enxugada que a Prefeitura fez nos contratados. Muita gente foi demitida. A cidade não tem muita perspectiva de emprego que não seja em Macaé, no comércio ou na prefeitura. E quando esses três falham a situação ficou bem apertada”, conclui.