Artigo de opinião
O caso do Deputado Bolsonarista Daniel Silveira (PSL), que teve ontem sua prisão confirmada por unanimidade do Supremo Tribunal Federal expõe políticos da Região de atuação da Prensa que mantém relação com o deputado, ignorando os crimes contra a democracia e as instituições brasileiras. Mesmo com votações inexpressivas nos municípios, o Deputado coleciona entre seguidores, prefeitos, vereadores e candidatos derrotados nas eleições do ano passado.
Dentre as posturas criminosas do parlamentar está a defesa do AI-5, ato que fechou ainda mais as liberdades e ampliou as arbitrariedades no período da Ditadura Militar (1964-1985), e ameaças aos membros do STF. Por conta do Foro Privilegiado de Silveira, a prisão será submetida à avaliação do Plenário na Câmara dos Deputados. O clima leva a crer na manutenção da medida, com vistas a fortalecer a democracia e combater extremismos autoritários e violentos no país.
Algumas lideranças da região buscaram, recentemente, inserir o deputado preso no cenário político por aqui. Foi assim com o Município de Búzios em que o Prefeito recebe e comemora a visita de Daniel. Um vereador do município chegou a ensaiar uma caminhada com o deputado federal pelas ruas, mas foi impedido pela mobilização de movimentos de mulheres. Em Macaé, um candidato a prefeito derrotado exibia com orgulho o apoio do deputado.
Cabe ressaltar que em uma rede social, a única menção feita pelo parlamentar sobre a visita à Região dos Lagos, foi postando uma arma em seu colo. Nenhum conteúdo sério, de trabalho parlamentar para os municípios foi relatado. Ou seja, Daniel Silveira foi apenas fazer propaganda de sua pauta ideológica baseada no ódio e na violência.
Os municípios são a porta de entrada da democracia. O flerte com o autoritarismo e a truculência coloca em risco essa condição. Prefeitos e vereadores devem ampliar os canais de diálogo, de garantia de participação popular e controle social. Fortalecer os mecanismos que garantam a inclusão e a diversidade é papel fundamental.
Essas lideranças precisam vir esclarecer o significado se a confraternização com o deputado é um destemor à justiça e instituições da democracia. Do que seria capaz um prefeito que simpatiza da mesma postura política do deputado com as nossas frágeis Câmaras de Vereadores e Conselhos Municipais? Governar no grito e na bala?
Porém, a cortesia irresponsável não reflete o que a população da região pensa. Ao analisar as urnas dos principais municípios, Daniel Silveira obteve votações inexpressivas. Porém, esses votos colaboraram para o somatório dos 31 mil obtidos em todo o Estado do Rio. Em Búzios, 21 eleitores escolheram o deputado; Cabo Frio, 121; Macaé, 104. Em Rio das Ostras ele obteve o maior número: 174 votos.
Basta acompanhar e cobrar que a prisão, condenação e inelegibilidade do deputado Daniel Silveira (PSL) faça que as lideranças políticas dos municípios avaliem criteriosamente seus aliados, antes de fazer propaganda gratuita com as instituições municipais.
*Marcel é jornalista e ativista social, foi vereador por dois mandatos em Macaé, Região Norte fluminense