Em algumas cidades, os foliões já esquentam os tamborins para a folia de Carnaval, que acontece esse ano entre os dias 17 e 22/02. Depois de quase dois anos de pandemia, em 2023 será o primeiro ano que as cidades brasileiras “flexibilizam” de vez as regras sanitárias. No entanto, viemos de um 2022, onde a inflação foi uma das maiores vilãs dos brasileiros: com uma taxa de 5,79% acumulada no ano, puxada principalmente pelos alimentos e bebidas. Os preços de combustíveis e passagens aéreas também pesaram no bolso. Diante disso, o desejo para esse ano é aproveitar a folia com economia. Por isso, a educadora financeira Aline Soaper explica que saber sua condição financeira é essencial para conter os gastos. Além disso, a especialista em finanças pessoais oferece dicas para aproveitar o Carnaval gastando menos.
Com o cenário de inflação, o Carnaval pode pesar no bolso dos brasileiros. A pesquisa “Rio de Janeiro a Janeiro”, elaborada pela FGV em 2022, revelou que o gasto médio dos brasileiros, que viajaram para o Rio de Janeiro, foi de pouco mais de R$ 1.500, considerando hospedagem, alimentação, transporte, entretenimento e compras — com permanência de 6 dias, considerando turistas nacionais. O Carnaval em Belo Horizonte, em 2023, vai custar cerca de R$ 1.000 por dia para os turistas, segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SindiHBaRes), considerando hospedagem, alimentação e no transporte dos visitantes. Em 2019, antes da pandemia, uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que gasto médio com a folia foi de R$ 634,00 — incluindo bebidas e comidas fora de casa. “Mas é claro que esse gasto médio depende da sua programação, se você for viajar vai gastar mais, se vai optar por ficar na sua cidade, os custos diminuem”, alerta a educadora financeira Aline Soaper.
“No Carnaval, você pode gastar muito, caso resolva viajar em cima da hora e, principalmente, para algum lugar mais longe. O ideal seria ter um planejamento para a data e nunca decidir por impulso. Quem vai viajar, pode adotar ainda algumas posturas para não estourar o orçamento, assim como quem ficará na cidade onde mora. De maneira geral, o que indico é ver a programação do Carnaval, de onde você pretende ir, e planejar as maneiras mais baratas de se locomover, como ônibus e dividir gastos de combustível com os amigos, por exemplo. Se for para os blocos de Carnaval, vale identificar pontos para comer e beber, ou até mesmo planejar de levar uma bolsa térmica com alguns lanches”, recomenda Aline Soaper.
A educadora dá algumas dicas de como planejar o orçamento para a folia e economizar. Confira algumas dicas da especialista para economizar nas compras de comidas, bebidas e fantasias e nos gastos com transporte:
- Como planejar o orçamento para a folia
“O ideal é saber quanto dinheiro você poderá gastar, sem esquecer das despesas fixas do mês (como contas de aluguel, luz, água, etc). Também definir a quantia disponível: se você tem uma viagem programada, terá as despesas com alimentação e transporte. Para isso tem alguns aplicativos permitem cadastrar metas financeiras e despesas, mas dá pra usar uma planilha ou anotar tudo no papel”, explica Soaper.
- Se pretende viajar (programado ou não)
“Se essa viagem for em grupo é importante resolver e dividir gastos antes, para evitar impulsos do grupo e reduz o risco da alta de preços. Se a viagem é de última hora vale recorrer aos aplicativos onde pessoas oferecem suas casas de forma gratuita, cedendo um sofá, uma cama ou um colchonete, ou aplicativos de carona. Mas lembre-se de deixar amigos e familiares avisados sobre isso. Em qualquer viagem, tenha uma planilha atualizada com os gastos”, recomenda a educadora financeira.
- Transporte, comidas e bebidas
“Se você vai viajar em carro próprio, lembre-se de calibrar os pneus e fazer revisão no veículo, isso evita imprevistos e economiza combustível inclusive. Se não tiver carro, uma boa opção é alugar junto aos amigos, por que qualquer imprevisto já estará coberto pelo seguro, e dá pra dividir o combustível. Se o orçamento não der, já pesquise as linhas de ônibus que você vai usar para ir para a folia. Juntar os amigos para comprar bebidas em depósitos é uma boa ideia para economizar. Se vocês alugaram uma casa, na hora da comida a regra é: faça uma lista com o básico, e planeje algumas refeições em casa mesmo e os lanchinhos para a folia”, explica Aline Soaper.
- Como economizar nas fantasias
“Antes de comprar algo, veja no armário tudo que sobrou de anos anteriores e avalie o que pode ser reutilizado, recombinado para gerar novas fantasias ou itens que podem virar fantasias legais. Também vale trocar fantasias com os amigos (as). Considere usar itens como uma saia de tule preta, que você usou no Halloween, por exemplo. Se vai confeccionar uma fantasia, busque lojas de comércio popular da sua cidade. E sempre peça desconto, principalmente em compras à vista. Dá para customizar camisetas ou fazer próprio adereço, mas veja se você tem habilidade para isso, senão vai acabar jogando dinheiro fora. Se você quer caprichar um pouco mais, também é possível comprar fantasias de segunda mão em lojas especializadas ou na internet”, recomenda a educadora financeira.
- Na hora de cair na folia
“Faça refeições reforçadas antes de ir para festas e blocos, a fim de diminuir os gastos nas ruas. Levepacotes de amendoins, barras de cereais, frutas e/ou biscoitos, mas cuidado com os alimentos que podem estragar. As bebidas também podem ser levadas de casa, em coolers ou isopores. Não saia com cartões de crédito, pois eles disfarçam gastos. Com dinheiro vivo, é mais fácil respeitar os limites pré-estabelecidos. Também dá pra apostar em um cartão pré-pago, onde você já coloca o valor que pretende gastar na folia”, finaliza Aline Soaper.
Sobre Aline Soaper:
Fundadora do Instituto Soaper de Treinamentos de Desenvolvimento Profissional e Pessoal (Efinc), Aline Soaper é formada em Direito, com pós-graduação em Direção e Orientação Educacional. Há sete anos, a carioca atua como educadora financeira e formadora de outros especialistas nesta área. Empreendedora desde os 17 anos de idade, Aline era proprietária de uma escola de Educação Infantil, no Rio de Janeiro, em que atendia cerca de 150 alunos e gerenciava uma equipe de 45 pessoas. Ao perceber a dificuldade dos pais em pagar as mensalidades devido aos problemas financeiros, Aline decidiu mudar de vida e se especializar no ramo de finanças pessoais. No ano de 2015, iniciou sua atuação como educadora, oferecendo atendimentos individuais, palestras, treinamentos e cursos para o público-final (empresários, analistas etc). No final de 2018, criou o Efinc, que hoje forma educadores financeiros e consultores de negócios pelo Brasil e o mundo.