Rafael Alvarenga
Chove no alagado! É assim: suponhamos que eu escreva uma crônica esportiva abusiva, ofensiva, preconceituosa, canalha. E aí o editor do Prensa o que faz? Impede a todos de escreverem crônicas esportivas. Daqui para frente só crônica, sobre o que quer que seja, mas não sobre esporte. Quem fica prejudicado: o leitor da falecida crônica esportiva.
Essa prática de gafanhotos, porque destrói tudo em um dia, é comum nos afazeres das autoridades brasileiras no que diz respeito ao futebol (não só como também). Torcedores brigam e um deles morre. Agora se seu time não é quem “manda” o jogo, você não pode mais ir ao estádio e assistir ao clássico.
Não banalizo aqui a morte. Refiro-me – e defendo – quem nada tem a ver com o crime.
Eu chovo no alagado! Impunidade, insegurança, incapacidade e descaso com o cidadão espectador – amante do futebol. Em São Paulo sequer uma bandeira você pode levar ao estádio para assistir a um clássico. A violência diminuiu? Claro que não. O consumo de álcool nos EUA diminuiu com a Lei Seca? Claro que não.
Mas os canais de TV por assinatura estão adorando! E como são éticas essas empresas! Argumentam que a lei tem que ser respeitada, principalmente se as favorecem. É que o número de contratos assinados, de pacotes vendidos para assistir aos jogos, só cresce. É o “milagre econômico da mídia esportiva”.
Por favor, não reclamem deste cronista. Afinal, desde o início do texto ele avisou que estaria chovendo no alagado. Sou contra essa Lei autoritária. Agora, independente das cores da camisa, os torcedores devem se unir em um protesto contra essa injusta justiça que só é capaz de punir quem não é criminoso.