Por Stenio Andrade
Tapico, Cebola, Fofoso, Gordura, Tampinha e Ternura era como atendiam os seis filhotes da porquinha Socota. Mãe prendada, passava todo o seu tempo cuidando para que seus leitõezinhos não fizessem muita arte, pois o dono do sítio (a quem pertenciam), poderia se aborrecer.
Mesmo assim os porquinhos aprontavam demais: invadiam a cozinha da casa grande e comiam, gulosamente, tudo o que pudessem alcançar. Era sempre a maior confusão. Mas, no final, eram devolvidos ao celeiro! E tudo, como sempre, terminava bem…
Nesta semana o clima estava diferente. Havia um ‘q’ de amor no ar.
Até Dentão, o vira-lata da casa, estava calmo, aparentemente de bom-humor e não latia tanto quanto nos dias normais.
Mas Socota estava intranquila. Sentia algo estranho no ar. Como se lhe faltasse alma…
Eis que começaram a chegar os parentes de seu Chico -dono da fazenda. Haviam vindo passar o Natal em família, diziam eles, assoberbados de embrulhos e malas. O ar era de festa. Havia árvore iluminada e enfeites por toda parte!
Tapico tentou tranquilizar-se, dizendo para si mesma que não passava de um mal-estar qualquer…
Na véspera da noite de Natal, seu Chico pegou sua estimada porca e a colocando na caminhonete, se dirigiu à cidade. Socota temeu por si mesma! Ficou pensando se teria feito algo que desagradasse seu dono e que, por isto, seria vendida no mercado municipal.
Mas, passaram por diversos lugares. Compraram víveres, presentes e ferramentas. No final da noite, pegaram a estrada de volta para a fazenda…
Ao chegarem, Socota não encontrou seus filhos. Não os ouvia grunhindo na efervescência de suas traquinagens. Nenhum deles: nem Tapico, o aventureiro (que era sempre o primeiro a chegar ao prato), nem Cebola, (que vivia aos prantos, chorando sem motivos); ou Fofoso: o mais bonito deles. Nem Gordura o comilão, ou Tampinha ( a menorzinha de todos ) ela encontrava. Nem mesmo Ternura (a mais calma e carinhosa), ela conseguia achar.
Perguntou, aflita – aos outros animais – se os haviam visto. Todavia, não obteve nenhuma resposta satisfatória a respeito do paradeiro dos mesmos. Triste, recolheu-se a sua cama, planejando que iria, na manhã seguinte, procurá-los por todos os cantos da fazenda. E que os encontraria…
De fato, ao amanhecer, se pôs a andar. Vasculhou todos os locais onde seus filhotes costumavam ir, para brincar. Socota levou o dia inteiro investigando desesperada, onde estariam seus lindos filhotes! Tudo em vão. Não localizava nenhuma pista…
Foi quando decidiu procurar o dono da fazenda. Daria a entender que estava em busca de seus porquinhos. Ele (claro!) a ajudaria a encontrá-los…
Entrou pelos fundos da casa grande como sempre fazia. Ao passar pela cozinha, imediatamente descobriu – em grande desespero – o que houve com seus filhotes: estavam todos, em assadeiras – entre maçãs e temperos – deitados, inertes.
Eles servirão de banquete, como em todos os anos, em uma homenagem (contraditória), ao nascimento de Jesus Cristo!