Uma das casas mais célebres de Búzios, na Praia de Manguinhos, conhecida por ter recebido Brigitte Bardot durante a década de 1960, acaba de ser reformada, em projeto que preserva sua arquitetura original. A informação foi revelada com exclusividade pela arquiteta responsável, Mônica Gervásio, à jornalista Rosana Ferreira, em matéria publicada pela Casa e Jardim.
O imóvel, porém, guarda uma história que vai além da passagem da estrela francesa. Como registrado no livro Búzios de Dona Eudóxia (Prensa de Babel Edições), organizado pelo jornalista Victor P. Viana, a casa pertenceu a André Muvrawef Apostol. Filho do príncipe Aposto, ele herdou um destino trágico: em 1914, seu pai foi o último embaixador do czar Nicolau II na Inglaterra. Com a Revolução de 1917 e, depois, a criação da União Soviética, a família foi impedida de retornar à Rússia.
Condenados ao exílio, os Apostol viveram décadas como expatriados. André passou a utilizar passaporte da ONU, documento que atestava sua condição de deslocado permanente. Anos mais tarde, fixou-se no Brasil e adquiriu o imóvel em Búzios — muito antes de a vila de pescadores se tornar destino internacional.
Entre o glamour e a memória
A presença de Brigitte Bardot, que frequentou a casa em visitas nos anos 1960, ajudou a projetar Búzios para o mundo e a consolidar o mito do balneário. A reforma atual, segundo Rosana Ferreira relatou à Casa e Jardim, buscou justamente equilibrar preservação histórica e conforto contemporâneo, mantendo os traços originais do projeto.
Ao resgatar a trajetória de André Muvrawef Apostol, contudo, a história da casa ganha novas camadas: ela não é apenas cenário do glamour associado à estrela francesa, mas também testemunho de uma diáspora marcada pela queda da monarquia russa e pela impossibilidade de retorno de uma família aristocrática ao seu país natal.