O Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara, em São José do Imbassaí, realizou neste sábado (08/02) uma captação múltipla de órgãos que beneficiará mais de 10 pacientes na fila de transplantes. A doadora foi uma paciente de 35 anos, moradora de Ponta Negra, que teve morte encefálica confirmada na noite de sexta-feira (07/02).
Foram captados pulmões, rins, córneas e tecido musculoesquelético, permitindo que diversos pacientes tenham uma nova oportunidade de vida. Os pulmões foram enviados ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor FMUSP), enquanto os demais órgãos foram encaminhados ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro.
Importância da doação de órgãos
A diretora-geral do hospital, Ana Paula Silva, ressaltou a importância da doação de órgãos como um ato de solidariedade e esperança.
“Somos solidários à família pelo luto e extremamente gratos pela decisão. A dor da perda se transforma na esperança de vida para quem está na fila do transplante. Mais de 10 pacientes terão a oportunidade de um novo recomeço”, afirmou.
A decisão sobre a doação cabe exclusivamente à família, o que reforça a necessidade de discutir o tema em casa.
O papel da CIHDOTT no processo de transplantes
O hospital conta com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), responsável pela busca ativa de pacientes com morte encefálica e pelo acolhimento das famílias. O presidente da comissão, o neurologista Rodrigo Coutinho, explicou como o processo funciona.
“A partir da declaração da morte encefálica, conversamos com a família sobre a possibilidade de doação. No caso desta paciente, ela teve um AVC hemorrágico grave, o que levou ao quadro de morte encefálica”, explicou.
Transporte ágil e heliponto na unidade
O pulmão, por ser um órgão com prazo extracorpóreo de apenas quatro horas, exigiu um transporte rápido. A estrutura do hospital permitiu o translado imediato do órgão por helicóptero até o Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), onde uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte até São Paulo.
Desde julho de 2024, o hospital conta com um heliponto de 1.000 m², operado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) e a autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar). Segundo a enfermeira da CIHDOTT, Cristiane de Lima, essa infraestrutura faz toda a diferença.
“O translado de órgãos como pulmões e corações precisa ser feito por via aérea. O heliponto do hospital facilita essa logística e garante maior eficiência na captação de órgãos”, destacou.
Maricá no Programa Estadual de Transplantes
Desde 2022, Maricá integra o Programa Estadual de Transplantes (PET), o que possibilitou a realização de 22 captações de órgãos apenas em 2024 no Hospital Che Guevara. O processo segue rigorosos protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo exames e autorizações médicas antes da doação.