Na madrugada desta quarta-feira (3) dois candidatos filiados ao PSL, partido de Jair Bolsonaro, postaram um vídeo nas redes sociais gravado em ruas próximas à Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, em que aparecem rasgando ao meio a placa que homenageava a Vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de Março deste ano.
Rodrigo Amorim é candidato a deputado estadual e Daniel Silveira a deputado federal pelo PSL.No citado vídeo, os candidatos dizem estar “reconstruindo o patrimônio e devolvendo a honraria ao Marechal Floriano”, já que a última placa possuía o nome deste. Em outra foto, aparecem encima de um carro de som exibindo a placa rasgada, Amorim vestido com a camiseta do candidato à presidência Bolsonaro. Nas redes sociais, Amorim declarou que a placa de homenagem à Marielle se tratava de “depredação do patrimônio público” já que teria sido colocada ilegalmente por militantes da esquerda.
O caso repercutiu rapidamente pelas redes e foi repudiado pela população e representantes políticos. Em entrevista ao DIA, o candidato à Governador pelo PSOL Tarcísio Motta considerou o fato uma atentado à democracia, já que a placa havia sido colocada por manifestantes. “Ao fazerem isso, eles se colocam ao lado dos assassinos de Marielle” declarou. O candidato ao Senado pelo PSOL Chico Alencar também se manifestou nas redes sociais: “destruir uma homenagem a uma vereadora assassinada e se gabar disso é barbárie, é inacreditável”.
O deputado estadual pelo PSOL Marcelo Freixo se pronunciou e acionou um investigação sobre os envolvidos ao delegado Fábio Cardoso, atuante na Delegacia de Homicídios em que se
encontra a investigação do assassinato da vereadora. “É preciso saber por que eles tem tanto ódio da Marielle” comentou nas suas redes sociais.
Até o presente momento, nem o PSL nem o candidato à presidência Jair Bolsonaro se pronunciaram sobre o caso.
O diretório do PSOL Búzios emitiu um manifesto de repúdio ao ocorrido e em defesa da democracia e liberdade política. Leia na íntegra:
Manifesto contra o fascismo e o ódio às minorias
O Setorial Regional de Mulheres do Partido Socialismo e Liberdade, através do diretório Búzios, vem à público manifestar-se contra o ato covarde e fascista praticado na última quarta-feira(3), no Rio de Janeiro, por apoiadores do candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro.
O candidato a deputado estadual pela chapa de Bolsonaro, Rodrigo Amorim, postou nas redes sociais, uma foto com a placa que homenageia a vereadora do PSOL, Marielle Franco, assassinada no último dia 14 de março, no Rio de Janeiro, quebrada ao meio. No post, afirmava e assumia o ato praticado junto ao seu companheiro e candidato a deputado federal, Daniel Silveira.
E ainda, completou: “Cumprindo nosso dever cívico, removemos a depredação e restauramos a placa em homenagem ao grande marechal”. E conclui: “Preparem-se, esquerdopatas: no que depender de nós, seus dias estão contados”.
Esse tipo de fascismo e ódio não será tolerado em nenhuma esfera. Em nossa cidade travaremos luta contra o ódio, a misoginia, o machismo, o racismo, a LGBTfobia e a intolerância religiosa. Nossos esforços serão no sentido de que nenhum de nós seja vítima dessas violências que assombram a sociedade desde que o fascismo e o discurso de ódio tomaram conta do processo eleitoral e das relações humanas em sociedade.
Atos como esse, que ocorreu, em uma das esquinas da Praça Floriano, na Cinelândia, onde fica a sede da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,e onde está uma homenagem prestada à Marielle Franco, propagam o ódio e a intolerância, criam medo e geram ódio às mulheres na política, em um momento em que elas se levantam para ocupar espaços. Esses atos devem ser combatidos com ações na sociedade e na esfera judicial.
Seguimos a declaração de nosso parlamentar, Chico Alencar, candidato à uma vaga no Senado, quando diz que; “É respeitável que o Jair, meu colega na Câmara, não tenha manifestado pesar quando Marielle morreu, como nós prontamente fizemos quando um criminoso o esfaqueou. Cada um reage como é do seu jeito, e não há nenhum problema nisso. Mas destruir uma homenagem a uma vereadora assassinada e se gabar disso é barbárie, é inacreditável”.
Estaremos na luta, cobrando respostas sobre quem matou e quem mandou matar Marielle e Anderson, cobrando em consonância com o candidato do PSOL à Câmara Federal, Marcelo Freixo, defensor exemplar dos direitos humanos e das minorias, que pediu ao delegado Fábio Cardoso (da Delegacia de Homicídios, que investiga a morte de Marielle) que tome o depoimento desses que praticaram essa violência. “É preciso saber por que ele tem tanto ódio da Marielle”, completou Freixo.
“Ao fazerem isso, eles se colocam ao lado dos assassinos de Marielle”, disse Tarcísio Motta em entrevista à imprensa. A posição de nossos parlamentares é clara: Não toleraremos o fascismo!
Essa resposta sabemos de cor, Marielle incomodava os poderosos, não abaixava a cabeça e defendia as minorias, que tanto são massacradas nesse país. Marielle foi morta pelo ódio, pela ganância, pela sede de poder e por ser mulher. Ser mulher no Brasil, é um desafio, uma vez que, segundo dados do mapa da violência, por dia 13 mulheres são assassinadas, 135 são estupradas, e já são mais de 5 mil sentenças por feminicídio. Quando se trata de mulheres negras os índices são ainda mais assustadores, 5,3 mortes para cada 100 mil habitantes, 71% a mais que as mulheres brancas.
Temos muito trabalho pela frente para reverter esses dados e impedir que mais mulheres morram e sofram violência. Não seremos interrompidas e não, não nos calarão. Nem a Marielle e nem a nós, que decidimos encabeçar a luta e encarar de frente o ódio, com muita luta, resistência e afeto.
Setorial Regional de Mulheres
PSOL Búzios