Estrutura foi montada ao lado da unidade de saúde e servirá, segundo a Prefeitura, como hospital de campanha
A chegada de doses das vacinas contra a Covid-19 é uma realidade em Búzios e parte da população, profissionais de saúde e idosos acima de 75 anos, já foi imunizada. Apesar da boa notícia, a cidade ainda enfrenta os efeitos da chamada ‘segunda onda’ de contaminação pelo vírus. Essa é a justificativa da Prefeitura de Búzios para a instalação de uma nova estrutura de atendimento para pacientes suspeitos da doença no Hospital Municipal Rodolpho Perissé (HMRP). No local, segundo explicou o secretário de saúde, em uma transmissão ao vivo em rede social, será montado um mini hospital de campanha com leitos exigidos pela Defensoria Pública em TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), assinado pelo município em 2020.
A estrutura montada durante a semana, é fruto de contrato com dispensa de licitação celebrado entre a Prefeitura de Búzios e a empresa EDNA ROSA NETO SICILIANO E CIA LTDA, no dia 4 de fevereiro. O valor global do contrato para prestação de serviços durante três meses é de R$263.414,40. O termo e a ratificação de dispensa foram publicados no Boletim Oficial do município na quinta-feira (10).
Os valores são semelhantes aos praticados pela gestão anterior, que gastava em torno de R $90.000 por mês para manutenção da estrutura, incluindo mobiliário. O contrato citado está vigente até o dia 03 de março. Segundo especialistas consultados pela Prensa, o valor mensal do atual contrato (R $87.804,80) é menor do que o anterior, no entanto há uma questão sobre o custo final, que só poderá ser confirmada após a publicação da primeira nota de pagamento das tendas, os aditivos.
“Eles orçaram barato e vão aditivando o contrato, vão acrescentando vários itens,(sistema de filmagem, piso emborrachado,climatizador, bebedouro ) que vai levar o contrato a passar de 200 mil mês”, comentou a fonte que preferiu não se identificar.
O hospital de campanha, segundo os termos do contrato, é destinado a pacientes com sintomas da doença, que passarão pelo atendimento de triagem e no caso de necessidade, poderão ser internados. Não há informações, no entanto, sobre a quantidade e com quais equipamentos serão instalados esses leitos. Tampouco foi informado pelo governo municipal se a estrutura montada anteriormente vai ser mantida ou desmontada. Em lives e reuniões o prefeito Alexandre Martins demonstrou desejar a retirada da tenda.
O governo municipal parece não definir qual a conduta que adota frente à pandemia, visto que classificou as barreiras sanitárias como pouco eficientes, sem apresentar dados. Na primeira quinzena houve, inclusive, uma tentativa de retirar o bloqueio, ação que foi revista no dia seguinte. Além disso, há uma visível diminuição da ocupação de leitos no HMRP.
Para uma segunda fonte consultada pela reportagem, “Essa é sempre a questão: montar quando aumentar ou prevenir”. E reforça outra questão importante a se levar em conta. “Não se pode considerar só o apoio da estrutura médica. Tem que levar em consideração o nível de transmissão no Município e no entorno e no geral da cidade do Rio De Janeiro. Cabo Frio ainda está Laranja. O Rio de Janeiro está estável. Tudo isso conta. Enquanto no RJ estiver com nível alto de ocupação de leitos, nosso município estará vulnerável, pois os casos graves são transferidos para as unidades de referência na capital”, comentou.
A Prensa fez contato com a Prefeitura de Búzios para buscar respostas oficiais sobre a instalação da estrutura, custos e quais serviços serão prestados, mas como acontece desde janeiro, não houve retorno.
Questionamentos não respondidos:
Estamos escrevendo sobre a instalação da nova estrutura que abrigará, segundo o secretário de Saúde, um ‘mini hospital de campanha’. Sobre isso questionamos:
- Qual o valor global e mensal do contrato?
- Qual a justificativa para dispensa de licitação?
- Por qual motivo não foi aproveitada a estrutura já existente para reposição em local mais adequado?
- Por qual motivo instalaram uma nova estrutura quando ainda existe um contrato vigente, segundo dados do Portal Covid, a vencer no dia 3 de março? A Prefeitura pretende não pagar pelo mês de março ou vai pagar em dobro pelo mesmo serviço?
- Nesta estrutura serão instalados quantos leitos e com quais equipamentos disponíveis?
- O mobiliário para atendimento (sistema de filmagem, piso emborrachado, climatizador, bebedouro) está incluído no valor do contrato?
- Em qual dado a Prefeitura se amparou para a instalação de um hospital de campanha? Existe expectativa de aumento dos casos de Covid-19 na cidade?