Palestrante da live realizada pelo Instituto Conhecer sobre o retorno das aulas em Búzios faz encenação e é acusado de racismo
A Educação de Búzios se envolveu em mais uma polêmica. Durante uma das transmissões ao vivo do retorno escolar remoto, um dos palestrantes está sendo acusado de atitudes e falas racistas.
O vídeo foi ao ar por meio dos canais do Instituto Conhecer, empresa contratada pela secretaria para auxiliar na produção dos conteúdos. Na ocasião, o professor Dalmir Sant’Anna faz uso de uma máscara de pele negra e peruca de cabelo crespo para encenar uma pessoa “com preguiça de trabalhar”, ao som da música tema da novela “Escrava Isaura”, de Dorival Caymmi, que popularmente é associada aos tempos da escravidão.
Os pais, responsáveis por estudantes e membros da sociedade civil interpretaram a ação como desrespeitosa e racista, por associar um comentário negativo à uma figura de pessoa negra, o que reforça um racismo estrutural.
Movimentos populares na cidade de Búzios e região publicaram uma nota unificada em resposta ao vídeo. O texto foi assinado pelo coletivo de pais e responsáveis “Por Nossos Filhos”, pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro, Núcleo Lagos (Sepe Lagos) e outras instituições.
“Nós trabalhadores da educação de Armação dos Búzios, em conjunto com ativistas e militantes de entidades, organizações e movimentos de diversos segmentos, vimos por meio desta Nota Unificada de Repúdio manifestar nossa indignação pelas posturas e comentários de teor racista, machista e anticientífico proferidos pelo palestrante Dalmir Sant’anna, em evento online organizado pela Secretaria Municipal de Educação de Armação dos Búzios e empresa “Instituto Conhecer”, contratada com dispensa de processo licitatório pela prefeitura de Armação dos Búzios com a finalidade de falar sobre o tema “Educação em tempos de pandemia.
Em contrapartida, a palestra se restringiu, ao uso insistente de frases de efeito, com ênfase em criar a já tão propalada falsa narrativa de que “servidores públicos reclamam demais”, inclusive fazendo trocadilho com a própria palavra, servidor”, afirma a nota.
O comunicado completo pode ser encontrado por meio do link.
Em resposta ao acontecido, o Instituto Conhecer também publicou uma nota, neste domingo (25). Durante o posicionamento, a instituição afirma “repudiar veementemente qualquer tipo de preconceito, seja de raça, credo, gênero, orientação sexual, assim como qualquer tipo de violência física ou mental”.
Segundo o portal da Prefeitura, o documento de empenho da SEME para contratar o instituto descreve o custo de R$17 mil para que a instituição realize a série de lives. Membros do coletivo “Por Nossos Filhos” buscam a quebra do contrato com o instituto.
A Secretaria de Educação também publicou uma nota de repúdio após a repercussão negativa do caso. O órgão relata que “tal prática seria inaceitável e sempre será firmemente combatida por esta instituição”.