Por Eduardo Graf
O kitesurf em Búzios teve início ainda nos anos 90, foi por aqui que, talvez pela primeira vez, alguém tentou velejar com uma pipa (asa) e uma prancha de surf no Brasil. Mais precisamente em um dos condomínios que ficam na Praia Rasa ao lado de Manguinhos. No ano de 2002 a primeira escola de kitesurf da cidade iniciou suas atividades na outra Praia Rasa, a que fica localizada entre os Bairros da Rasa e Maria Joaquina, já no município de Cabo Frio. Com certificado internacional fornecido pela International Kiteboarding Organization e o status de IKO Center que só é emitido para escolas que possuem bote para resgate e instrutores experientes, iniciamos um trabalho que se estende até o dia de hoje. Em nossos cadastros temos mais de 6 mil alunos de diversas nacionalidades e de diferentes estados brasileiros.
Esta experiência nos colocou em contato com o universo do turismo, recebemos em nossa escola, que também oferece hospedagem, turistas do mundo inteiro e instrutores que trabalharam temporariamente na escola de locais como a Austrália, Argentina, Nordeste brasileiro, além de formarmos diversos instrutores locais que atualmente trabalham no ramo.
Com a anexação do bairro Maria Joaquina ao município de Búzios, não apenas a Búzios Kitesurf School, escola pioneira que deu início a esta atividade em nossa cidade, mas diversas outras estarão agora funcionando e recebendo turistas dentro de nosso município.
O kitesurf é um esporte novo, com uma estética muito atraente e um dos maiores atrativos de diversas cidades espalhadas pelo mundo. Qualquer município que tenha condições de explorar este mercado milionário e não tirar proveito disto está no mínimo sendo negligente.
Aqui em Búzios a participação de nossa secretaria de turismo e mesmo a de esportes que ao longo dos anos apoiou pequenos eventos ligados ao segmento é pífia para não dizer inexistente. Não tirar proveito daquilo que Búzios tem em abundância (vento e ondas) e da imagem associada a este turismo de alto nível é realmente incompreensível.
Não se trata de apoiar eventos realizados em clubes particulares ou em locais inapropriados como vem ocorrendo, mas sim de se colocar nosso município dentro do circuito internacional de turismo ligado ao kitesurf, que existe, gera dividendos e Búzios tem todas as condições propícias para isso.
Para quem não sabe o Brasil, mais precisamente o Nordeste brasileiro é hoje em dia o principal e talvez melhor destino de kitesurf do mundo. Passei seis meses na região trabalhando e pesquisando para conhecer melhor este mercado que está turbinando a economia de diversos municípios. O segredo deste sucesso está relacionado não só a constância dos ventos Alísios que sopram incessantemente como se fosse uma máquina (existe um hotel que não cobra diária dos hóspedes se por acaso não ventar), mas também a pouca distância de viagem entre Europa e Brasil ( os voos de Lisboa a Fortaleza duram 5 horas).
Mas onde é que Búzios entra nesta história?
Búzios amigos, recebe os mesmos ventos Alísios, sendo que além disto, somos afetados pelos ventos de Sul que são formados pelas zonas de baixa pressão. Claro que não estamos tão próximos da Europa ou dos EUA, não temos os competidores internacionais frequentando nossas praias e as principais marcas do ramo testando seus equipamentos como acontece no nordeste. Mas o fato de termos o vento vindo de duas direções distintas, a proximidade com o Rio de Janeiro e locais próximos como a Lagoa de Araruama, que é considerada um dos melhores locais do Brasil para a prática, assim como Cabo Frio e Arraial do Cabo, fazem de nossa querida Búzios o local ideal para receber com toda sua estrutura hoteleira e gastronômica, estes turistas com euros no bolso e muita alegria e intensidade, para deixar Búzios mais bonita ainda.
Uma coisa que ouço sempre dos hóspedes que recebo, entre eles fabricantes de equipamentos, operadores de turismo internacional, editores de revistas e sites do segmento, distribuidores de kites, além de profissionais competidores é que o nordeste é excelente mas repetitivo, sempre a mesma música, o mesmo clima, e que Búzios, para eles um local inexplorado (poucos velejadores em comparação com as praias do nordeste) oferece um diferença que os atraia muito, além de muitas vezes ser considerado mais charmoso e bonito.
Invariavelmente reclamam da falta de informação e de acesso a praia (vans, bugres são proibidos de transitar fora do pórtico), além de me perguntarem se tenho algum tipo de apoio em meus esforços de tornar Búzios parte integrante de um circuito que existe, que é real e do qual Búzios não faz parte.
Me coloco a disposição para maiores informações.
Bons ventos!
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