Em 2018 a Marta fez o maior feito da história ao se tornar pela sexta vez a melhor jogadora de futebol do mundo. Entretanto, com esse feito e essa grande representatividade o Brasil não tem a melhor estrutura do futebol feminino, times da modalidade passam por dificuldades e levam a esperança de dias melhores, mesmo com talentos de sobra.
Na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, na cidade de Búzios, há uma equipe de futebol feminino se destacando e jogando o Campeonato Carioca da modalidade. “O futebol feminino começou com o time Búzios Verde, na década de 90 e em seguida com a CBF com seus núcleos de assistência ao futebol, onde tinha a modalidade feminina com o treinador Cabrinha da Gamboa, Pantera de Búzios e Teno. O Pantera então se tornou nossa grande referência como professor no futebol, e dou continuidade ao seu legado, onde tive a oportunidade de ser aluno dele e depois juntos carregar a bandeira do futebol feminino”, disse o treinador e coordenador da equipe, o Beto.
O Búzios disputou pela primeira vez o Campeonato Carioca da modalidade em 2002 e 2003, depois em 2015 e em 2016, e em 2018. Mas nem tudo são flores, na primeira rodada a equipe buziana teve uma derrota para Cabo Frio por WO. “Infelizmente ocorreu esse WO por falta de ajuda, falta de colaboração, falta de amor ao esporte, falta de incentivo ao futebol feminino. Tínhamos feito um planejamento, e no dia da competição os valores do borderô (arbitragem) era fora da nossa realidade. Tínhamos combinado com um médico, e no dia da competição houve imprevisto e urgência por lado do médico. Infelizmente o que tínhamos planejado está indo a deriva diante de nossos olhos”, explica o treinado.
O trabalho continua e a empresa In Búzios patrocina com o transporte com o deslocamento, para os jogos no Rio de Janeiro e eventuais amistosos dentro do estado. Além de ter um time comprometido e no seu conjunto todas se destacam. No elenco atual contam com quatro argentinas, mas apenas uma foi inscrita para o carioca, que é a atleta Ruth. “A Ruth chegou através de uma avaliação que passamos a contar com ela. Ela é destemida e contribui muito para equipe”, elogiou.
A equipe segue com os pés no chão e tem um objetivo traçado para a decorrência da competição. “Nosso objetivo é terminar a competição e buscar nos classificar entre os 4 do grupo, independente dos resultados finais nosso objetivo é mantermos equipe, e trabalhar para melhorar para 2019”, relatou.
Há um projeto feito para a captação e desenvolvimentos nas escolas da cidade, mas esbarra nas limitações de incentivo. “Temos, sim, um projeto de captação para serem desenvolvido nos bairros e escolas, mas nos limitamos na falta de incentivo e parcerias para que o projeto seja posto em prática, hoje as que nos procura acolhemos e passam a fazer parte do clube e do projeto Phanter, que funcionam as terças-feiras na quadra Society Mandrágora, próximo ao centro. O futebol feminino em Búzios não tem incentivo público e bem pouquíssimo de empresário. Fica difícil trabalhar e levantar a bandeira do futebol feminino. Temos muitas meninas talentosas na cidade, e muitas não tem oportunidade ou nem são incentivadas”, relata as dificuldades encontradas.
Beto finaliza a entrevista deixando um recado para os torcedores. “Precisamos de torcida para incentivar o futebol feminino, precisamos de apoiadores, pessoas compromissadas em ver o futebol feminino evoluindo na cidade, precisamos dos pais e mães incentivando suas filhas a jogar futebol, a Sociedade Esportiva de Búzios vem com mais de 10 anos com o futebol feminino e podemos recuperar a trajetória do futebol feminino na cidade. Precisamos das pessoas que amam e quer ver o futebol feminino crescer, que venham nos ajudar que venham fazer parte, que venham conhecer o projeto. E todos juntos podemos fortalecer o futebol. Empresas e empresários se sensibilizem, busquem nos apoiar e nos patrocinar com incentivos fiscais ao futebol feminino. A colaboração de todos é muito importante para desenvolvimento do projeto futebol feminino em Búzios”, diz.
Mesmo com dificuldades, Beto diz que alguns ajudam. “De qualquer modo algumas pessoas deram e estão dando certa ajudar, como o Dr André e o vereador Dida, mas infelizmente não temos um apoio ou ajuda concreta, e acaba que nos dias de jogos em casa ficamos a mercê de milagres pra que as coisas deem certo. Muitos vão dizer que nos faltou planejamento e projeto, mas não é bem a realidade, buscamos a ajuda há 6 meses antes da competição. Pouquíssimas pessoas nos ajudou. A prefeitura nos negou”, falou.
A equipe de Búzios está em 5° no Grupo A, que conta com Flamengo, Vasco, Brasileirinho, Liga de Volta Redonda e Jacarepaguá. SEB busca a sua primeira vitória na competição neste sábado (20), às 15h, contra ACCEL.