Rastros da existência humana que habitou o balneário no passado podem ser encontrados em algumas praias famosas do município
A história de Búzios inicia bem antes da visita da Brigitte Bardot, com antigos moradores que passaram pela península e deixaram suas marcas. São milhares de anos de história marcada por diferentes povos. A cidade conta com 22 sítios arqueológicos pré-históricos registrados no Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (IPHAN) e considerados os mais antigos da Baixada Litorânea Fluminense. Os rastros da existência humana que habitou o balneário no passado podem ser encontrados nas praias de Geribá, Praia dos Ossos, Praia Manguinhos, Praia de Tucuns e Praia do Forno.
Graças aos estudos é possível entender um pouco mais sobre o passado do território buziano. Segundo o Mapa da Cultura, há cerca de 5.150 anos, grupos de até 35 indivíduos acamparam nas pequenas dunas da praia de Geribá, sobrevivendo da coleta, pesca e caça, e se alimentando de moluscos.
“Os sambaquis são estruturas funerárias, sempre há presença de ossos humanos. Uma construção de rituais funerários de sambaqueiros”, explica a arqueóloga Maria Dulce Gaspar dizendo ainda que essas estruturas podem ser facilmente achadas em locais propícios de pescas.
As ocupações primárias registraram a passagem pelo balneário no solo e em pedras, submersas ou não. Como basicamente viviam de pesca e coleta, a sobrevivência estava intimamente ligada às planícies litorâneas ricas em manguezais e restingas. Esses povos tinham costumes de construir montículos compostos por conchas, ossos de peixe e fogueiras.
“Atualmente estamos com um projeto em parceria com os órgãos responsáveis para dar início, assim que tivermos todas as autorizações, para fazer novas pesquisas. Temos o projeto da construção do Museu da Identidade Buziana”, explica Romano Lorenzi, secretário de Cultura e Patrimônio Histórico. Ainda de acordo com ele, em breve, Búzios poderá conferir de perto o passado e os antecessores que caminharam pelo município também. Romano conta ainda que no momento este processo está na parte burocrática, com os convênios e documentações para autorizar as pesquisas.
Segundo o secretário de Cultura, o projeto vai além dos sambaquis. “Este projeto de arqueologia pretende movimentar a história de Búzios, com escavações em locais importantes, como em terrenos que existem construção do período da armação baleeira, rotas escravocratas, em torno da capela de Sant’Anna e vestígios de antigos povos indígenas”.
Para o projeto sair do papel é necessário o trâmite ser realizado junto aos órgãos responsáveis, não cabe ao município cuidar das áreas arqueológicas. Este processo é federal, mesmo em território municipal. “É um trabalho longo, mas é um trabalho que gera uma vontade de descobrir o passado e de preservar”, finalizou Romano Lorenzi.
Por: Natalia Nabuco, estagiária sob supervisão da jornalista Monique Gonçalves.